sábado, 31 de março de 2018

GEA garante R$ 100 mil para a programação do Ciclo do Marabaixo 2018

GEA garante R$ 100 mil para a programação do Ciclo do Marabaixo 2018
Além do apoio financeiro, o governo garante às comunidades participantes a segurança pública e licenças do CBM/AP para os eventos.
Por: Iracilda Tavares
 Foto: Arquivo Secom
Programação do Ciclo do Marabaixo 2018 inicia neste sábado, 31 de março, e encerra no dia 3 de junho
O Governo do Estado do Amapá (GEA) garantiu R$ 100 mil para a programação do Ciclo do Marabaixo. O recurso será disponibilizado por meio de convênio entre a Secretaria Extraordinária dos Povos Afrodescendentes (Seafro) e Secretaria de Estado da Cultura (Secult). O fomento busca fortalecer a tradição cultural amapaense. Além do apoio financeiro, o governo garante às comunidades participantes a segurança pública com policiamento ostensivo e licenças do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá (CBM/AP).
A programação terá duração de três meses começando com o Marabaixo da Aceitação, a partir das 17h, no sábado de aleluia, 31 de março, nos quatro barracões onde o evento tradicionalmente se realiza, em Macapá. E encerra no dia 3 de junho.
O “Marabaixo do Trabalhador” acontece no domingo, 1º de maio, partir de 17h, em homenagem aos trabalhadores, quando inicia as atividades no bairro do Laguinho, nos barrocões da Tia Biló e Mestre Pavão.
Até 3 de junho, quando finaliza o ciclo, ocorrerão diversos rituais e orações tradicionais nos quatro barracões, localizados nos bairros Laguinho e Favela, redutos das famílias do Mestre Pavão, Tia Biló, Dona Dica Congó e Tia Gertrudes e no distrito de Campina Grande, na zona rural de Macapá.
Serão realizadas missas, novenas, rodas de marabaixo de diferentes grupos, ladainhas, brincadeiras para as crianças, marabaixo de Corpos Chisti, café da manhã, almoço dos inocentes, retirada de mastros no Curiaú, enfeite, levantamento e derrubada de mastros, domingo da murta e outros.
Paralelo à programação, serão promovidas palestras em escolas, para disseminação da cultura do marabaixo, além de apresentações em praças, aeroporto e terminal rodoviário como forma de divulgação do evento e atrair a participação da sociedade.
A coordenadora de Ações Afirmativas do Ciclo do Marabaixo na Seafro, Valdinete Costa, adianta o que os espectadores poderão encontrar nas programações. “Com direito a rodas de marabaixo entoando o ladrão [composições cantadas], será servido o tradicional caldo e a gengibirra. Tudo para fazer com que a sociedade se sinta participante desse processo”, destacou.
Este ano, a programação na Favela homenageia a pioneira Natalina Costa, falecida em 2017. Além da programação do Ciclo do Marabaixo, os organizadores retomam o projeto da Biblioteca, interrompido por causa do furto ocorrido no barracão e inauguram o Museu Natalina Costa, que contém informações da história da pioneira. A biblioteca e o museu irão funcionar no barracão da Tia Gertrudes, aberto para a comunidade a partir de 5 de maio.
Mastros e Murta
Dois grandes momentos do ciclo são o “Marabaixo do Mastro” e o “Marabaixo da Murta”. Os mastros são cortados no campo do Curiaú – ritual do qual participam todas as famílias tradicionais, que plantam novas mudas no lugar da árvore extraída e, posteriormente, são utilizados para erguer a bandeira da Santíssima Trindade e do Divino Espírito Santo.
Programação
31/03 (sábado)
De 17h às 24h – Marabaixo de Aceitação
01/05 (terça-feira)
De 17h às 22h – Marabaixo do Trabalhador
05/05 (sábado)
De 9h às 12h – Retirada do Mastro nas Matas do Curiaú
De 17h às 24h – Marabaixo do Mastro
18 a 26/05
Às 19h – Ladainhas em Louvor a Santíssima Trindade
19/05 (sábado)
Às 16h – Corte da Murta
20/05 (domingo)
De 17h às 07h do dia seguinte – Marabaixo da Murta
27/05 (domingo)
Domingo da Santíssima
09h – Missa da Trindade na Igreja da Ss. Trindade
10h – Café da Manhã no Barracão
12h – Almoço dos Inocentes
14 às 18h – Tarde de brincadeiras para as crianças
31/05 (quinta-feira)
De 17h às 22h – Marabaixo de Corpos Christi
03/06  (domingo)
De 17h às 22h – Derruba do Mastro

Editorial - EDIÇÃO 602






Pecuária do Amapá disputa o mercado (inter) nacional

Com condições climáticas favoráveis e solo fértil, o cerrado amapaense tem despertado o interesse de pequenos e médios produtores e até de grandes grupos vindos de regiões tradicionais. Mas este cenário já era ocupado pelos pecuaristas pioneiros que aqui se estabeleceram e lutam a 60 anos pelo crescimento da qualidade do rebanho amapaense e sua valorização no mercado interno, regional, nacional e internacional.
O Amapá ficou em 2017 entre os 20 Estados que terminaram o ano com recuperação econômica, sendo o 5º maior indicador do Norte e Nordeste, ficando atrás de Maranhão (3,1%), Tocantins (1,9%), Piauí (1,7%) e Rondônia (1,4%). A média nacional, segundo o estudo, ficou em 0,5%. E o setor agropecuário está entre os segmentos que inflaram esses índices identificados pelo IBGE e do "Mapa da Recuperação Econômica", dos economistas Everton Gomes e Rodolfo Margato.
Possuidor do segundo maior rebanho de búfalos do país, com 280 mil cabeças, o Amapá há tempos reúne condições para ocupar um lugar de destaque nesse nicho da pecuária nacional. Depois de décadas claudicando para conseguir estabelecer um processo continuo de crescimento e agregando ações que viabilizassem a conquista de mercado, finalmente a parceria entre o poder público e os empresários que se uniram em torno de um objetivo o crescimento do Setor Terciário. Os criadores se abrigaram em uma associação, a ACRIAP, que lhes mostrou que o problema deveria ser resolvido por eles e encontraram na atual administração estadual a ressonância e a sensibilidade de um gestor público que investiu e apoio fornecendo meios através da revitalização da logística e estruturando os caminhos para o desenvolvimento do setor.
Estradas foram asfaltadas, pontes foram construídas e revitalizadas, o corredor econômico foi estabelecido, incentivos fiscais foram desenvolvidos e oferecidos. O governador Waldez Góes percorreu os maiores mercados nacionais e ‘vendeu’ o potencial do Amapá, contando com a Bancada Federal, direcionou recursos através de emendas parlamentares e aderiu a projetos federais, como o combate a combate a febre aftosa, conquistando a Certificação Livre de Aftosa com vacinação, possibilitando a colocação da carne vermelha no mercado nacional, com meta de conquistar em 2019 a entrada no mercado internacional.
Paralelo, os pecuaristas entenderam a necessidade de cerrar fileiras e vacinaram seus rebanhos e passaram a atrair programas para melhorar a qualidade do rebanho amapaense, utilizando a inseminação in vitro, com sêmen de matrizes de outros Estados.
Um dos destaques é a Bubalinocultura amapaense, pois a constituição da carne de búfalo garante-lhe méritos para alçar voos ao encontro do segmento de consumidores dispostos a adquirir produtos alimentares mais saudáveis, mesmo que a custos mais altos.
E a pecuária bubalina do Amapá hoje reúne todas as condições para despontar no mercado nacional e mundial, tendo em vista nossa localização geográfica, com maior proximidade dos maiores centros consumidores do mundo
E assim a pecuária do Amapá alcança um nível competitivo com qualquer rebanho nacional e oferece ao Amapaense uma carne de melhor qualidade, produzida nas terras Tucujus.

Artigo do Velleda Coluna CISMANDO



Tempo de Celebração

Nasci num tempo em que o catolicismo estava em alta. Fui batizado e crismado, e muitas vezes frequentei as missas dominicais.
Hoje entendo a vida como evolução e, por isso, valho-me dos preceitos espíritas.
Mas claro, nessa época do ano todo cristão se permite a reflexão, como uma forma de experimentar Deus, experimentar a vida, como ela experimenta a si mesma diante da vida e diante de Deus.
A partir do judaísmo se entende essa celebração absorvida pelo mundo cristão e estereotipada pelo capitalismo e apelidada de Páscoa, com direito a coelhinhos e ovos de chocolate, o que na verdade reflete a libertação do povo judeu da escravidão no Egito.

Haroldo Dutra Dias diz “ser óbvio que é impossível traduzir uma experiência tão subjetiva, tão espiritualmente rica com a linguagem da ciência, que é uma linguagem matemática, uma linguagem analítica; ou com a linguagem da filosofia, que é uma linguagem especulativa cheia de um vocabulário complexo e às vezes até prolixa. Por essa razão, a religiosidade opta pela linguagem da metáfora, que é quase uma linguagem dos sonhos, uma linguagem onírica e, portanto, a Páscoa tem muito dessa simbologia onírica dos sonhos”.
Ele fala do verdadeiro significado da páscoa segundo o Espiritismo, mas enfatiza as origens judaicas, para que mais tarde fique claro o significado dessa comemoração na era cristã. – “O que diz a Páscoa? [Diz que] o povo hebreu estava escravo há 400 anos no Egito. O Egito foi invadido, então, por um anjo da morte, mas naquelas casas que tivessem uma marca de um sangue do cordeiro, o Anjo pularia aquela casa… Como verbo pular em hebraico é “passach (pas-sac)”, daí vem “Páscoa”, que é o “pulo do anjo”; o pulo que ele dá nas casas que tem a marca do cordeiro. E que, portanto, foram poupados da tragédia de perderem o filho mais velho da casa. Essa é a simbologia”.
Páscoa tem a ver com essa experiência espiritual, a experiência da libertação espiritual, mas que é uma experiência de desilusão. E você não se desilude sem perder, por isso o choque do cordeirinho sendo sacrificado.
Na visão espírita, – com a vinda de Jesus, o que é que ele faz? Ele convive com 3 anos com seus discípulos; cura cegos, cura paralíticos, janta todo dia na casinha de Simão Pedro… cura até mesmo a sogra de Simão Pedro que morava com ele… Trabalha com eles, acorda cedinho e vai pescar com eles até o entardecer, convive com eles diariamente… participa das suas dores e sofre com as imperfeições de cada um deles… E no momento final dos três anos, reúne os doze e diz assim para eles: “vocês vão me perder, eu estou agora me despedindo de vocês porque eu vou deixar o mundo corpóreo para voltar ao incorpóreo e vocês vão experimentar uma tremenda tristeza, uma profunda dor porque vocês criaram uma conexão emocional comigo.
Eu não chamo vocês mais de servos, eu chamo vocês de amigos, porque tudo que eu aprendi e compartilhei com vocês… eu amei vocês da maneira maior que eu poderia amar… Eu amei tanto que você, Pedro, que vai me negar, vai me trair, mas eu continuo te amando… nada vai alterar o meu amor por você!
Eu amo tanto você, Judas, mesmo sabendo que você vai me trair… eu não estou te expulsando, eu estou comendo com você, e eu te perdoo! Mas eu irei embora! E vocês vão viver a maior experiência de solidão e de ascensão espiritual das suas vidas. Mas o que eu posso prometer é que do mundo espiritual estarei junto com vocês. Vou ampará-los em todas as suas atividades, estarei eu mesmo do mundo espiritual comandando a expansão do cristianismo, portanto, essa crise da morte é apenas um portal para a imortalidade porque a vida não cessa no túmulo. E toda vez que vocês se sentirem solitários, toda vez que vocês sentirem falta da minha amizade, do meu amor, da minha dedicação, da minha presença… vocês vão se reunir vão celebrar a Páscoa em minha memória, em memória da minha amizade, em memória do meu amor e sobretudo em memória da libertação de que eu sou mensageiro”.
Porquê Jesus veio libertar o homem da escravidão da matéria, da escravidão dos sentidos.
Fica a dica: “celebrem a Páscoa para celebrar o amor; para celebrar a minha dedicação e para celebrar a imortalidade da alma; a vida espiritual”.
Mas infelizmente os séculos passaram e nós transformamos a Páscoa em coelhos e ovinhos coloridos de chocolate, apagando completamente a dimensão espiritual e a experiência religiosa que a Páscoa propõe, que é uma experiência de Deus. É uma experiência de amar e de se sentir amado, não importam as circunstâncias.

Ministro da Cultura cumpre agenda no Amapá e visita Núcleo de Produção Digital


Ministro da Cultura cumpre agenda no Amapá e visita Núcleo de Produção Digital



Após quase uma década de luta, os profissionais do segmento audiovisual vão contar com um espaço público para desenvolver produções.

Da Editoria
O Governo do Estado do Amapá (GEA) dá mais um passo à frente no fomento da produção audiovisual local. A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) está nos preparativos finais para colocar em funcionamento o Núcleo de Produção Digital Equinócio (NPD). O espaço receberá a visita do ministro da Cultura, Sergio Sá Leitão, na próxima segunda-feira, 2 de abril, quando participará do seminário “Cultura Gera Futuro”. O NPD será entregue assim que o espaço receber as adaptações necessárias para a produção audiovisual amapaense.
O ministro chega na madrugada da segunda-feira, 2, e estará disponível para entrevistas pela manhã, durante a programação de abertura do Seminário “Cultura Gera Futuro” e também da entrega do NPD, no espaço do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AP). Após isso, o ministro Sergio Leitão segue em reuniões com comitiva da Secult, com o governador Waldez Góes e parlamentares.
Pela tarde, será feito um city tour com o ministro, onde passarão por pontos turísticos de Macapá, como o Quilombo do Curiaú, Monumento Marco Zero do Equador e Museu Sacaca. Para finalizar a agenda, uma visita técnica será realizada na Fortaleza de São José de Macapá com a participação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para dar continuidade ao processo de execução das obras em curso.
NPD Equinócio
No ano passado, o governo do Estado conseguiu junto à Secretaria do Audiovisual (SAV), órgão vinculado ao Ministério da Cultura, a implantação do Núcleo de Produção Digital (NPD). Um espaço gratuito e acessível voltado para a produção e difusão de conteúdo audiovisual, com o objetivo de apoiar a produção local independente, promovendo a formação e aperfeiçoamento profissional de profissionais que atuam no segmento.
Um grupo gestor formado por representantes das secretarias de Estado da Cultura e Educação, além do Sebrae, será responsável pelo Núcleo. De acordo com a diretora do Museu da Imagem e do Som (MIS), Ana Vidigal, foi uma década de luta dos profissionais da área para atingir essa conquista. “Trata-se de uma luta de dez anos do segmento audiovisual amapaense e estamos trabalhando de forma árdua, com todos os parceiros, para poder dar início a esse trabalho de incentivo à nossa cultura, por meio das produções”, acrescentou Vidigal.
O Núcleo Equinócio vai funcionar no Sebrae, com câmeras 4k, ilhas de edição, sonorização e iluminação, que, a princípio, foram providenciados por meio de empréstimo de comodato. Só após dois anos de funcionamento, a SAV vai avaliar o desempenho do núcleo, caso alcance as metas estabelecidas pelo órgão, os equipamentos serão doados em definitivo ao Amapá.

Parcerias

A vinda do NPD para o Amapá abre um leque de oportunidades para quem milita neste segmento. Por isso, o espaço já conta com vários parceiros entre eles o Serviço Social do Comércio (Sesc) que, também, desenvolve trabalhos voltados ao audiovisual no Estado.

O Centro do Audiovisual Norte Nordeste (CANE) da Fundação Joaquim Nabuco também fechou uma parceria de dois anos com o Estado para realizar cursos de formação na área de cinema para as pessoas que queiram se capacitar. “Daqui a um ano todos, verão a transformação que este núcleo fará no Amapá”, apostou Ana Vidigal.

A Secretaria de Estado da Educação é outro órgão que integra o rol de parceiros do Núcleo de Produção Digital, por meio da coordenadoria estadual do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). De acordo com o coordenador estadual do Pronatec, Agnaldo Silva, a instalação do NPD vem para fortalecer a formação de novos profissionais da área de produção de áudio e vídeo no Amapá.

“Atualmente, o Estado oferece os cursos de Produção de Áudio e Vídeo e Processos Fotográficos, através do Pronatec. Com a implantação do NPD, poderemos aumentar nossa oferta de cursos”, calculou Agnaldo Silva.
Comitê Gestor
Na pauta da Secult, Seed e Sebrae/AP, ficou definido que um grupo gestor formado por representantes de secretarias de Estado da Cultura e Educação, além do Sebrae, serão responsáveis pelo Núcleo.

A diretora do Museu da Imagem e do Som (MIS), Ana Vidigal, disse que o objetivo desse grupo gestor será formular o planejamento das atividades e garantir o perfeito funcionamento do NPD. “Trata-se de uma luta de oito anos do segmento audiovisual amapaense e, agora, é só continuar avançando para efetivarmos essa conquista”, acrescentou.

Ana Vidigal destacou, também, que a implantação do Núcleo no Amapá será um divisor de águas. “O NPD abre caminhos para a instalação da TV Cultura no Estado, o que irá ajudar ainda mais o nosso segmento, porque a emissora poderá incluir na sua grade de programação as produções feitas por aqui”, frisou.

O superintendente do Sebrae/AP, João Alvarenga, explicou que trabalhar a cultura junto ao empreendedorismo tem sido uma das bandeiras levantadas pela instituição. “Estamos entrando com o espaço físico e, depois vamos poder promover capacitação para quem trabalha com este segmento e, ainda, mostrar o que vem sendo produzido por aqui através de eventos realizados pelo Sebrae”, planejou Alvarenga.

Uma nova reunião deverá acontecer nos próximos dias para que sejam apresentados os nomes dos integrantes (titulares e suplentes) do comitê gestor do NPD.  

Agenda do ministro da Cultura no Amapá:
8h30 – Coletiva de imprensa no espaço Laranjal do Jari, no Sebrae/AP.
9h30 – Participação na solenidade de abertura do seminário “Cultura Gera Futuro”, no Sebrae/AP
10h – Descerramento da placa de entrega do NPD Equinócio, no Sebrae/AP
15h30 – City Tour pelos pontos turísticos Curiaú, Marco Zero e Museu Sacaca
16h – Visita técnica na Fortaleza de São José de Macap


Ciclo do Marabaixo na Favela inicia ‘Sábado de Aleluia’ no Barracão da Tia Gertrudes




Ciclo do Marabaixo na Favela inicia ‘Sábado de Aleluia’ no Barracão da Tia Gertrudes



No barracão da Tia Gertrudes Saturnino os familiares e devotos da Santíssima Trindade finalizam os preparativos para o Ciclo do Marabaixo, que inicia neste sábado de Aleluia (31), e encerra no dia 3 de junho. A programação na Favela neste ano homenageia a pioneira Natalina Costa, falecida em 2017. Além da programação do Ciclo do Marabaixo, os descendentes de Gertrudes e Natalina, festeiros e organizadores da Associação Berço do Marabaixo, fortalecem a cultura com a inclusão da educação, com a reinauguração da biblioteca e abrem as portas do museu e do bazar, com roupas, acessórios e demais elementos da tradição do marabaixo.
Durante os dois meses de festejo, o bairro da Favela, atual Santa Rita, se veste de azul e branco para continuar a tradição do Ciclo do Marabaixo, que foi instituído na década de 90, oficializando uma tradição secular dos negros que vem do início do povoamento de Macapá, época em que a concentração de moradores era nas proximidades da Igreja São José. Com a necessidade de organização administrativa, nos anos 40, os negros que ali habitavam foram transferidos e iniciaram o povoamento dos bairros Favela e Laguinho, para onde levaram as tradições do marabaixo, em que à dança foi incorporada a fé cristã.

Santíssima Trindade dos Inocentes

A negra Gertrudes Saturnino, que criava “ladrões” de marabaixo, tocava caixa e cantava, esteve com outros pioneiros à frente da mudança para a Favela, e manteve junto com a família os costumes de louvar a Santíssima Trindade, e graças à sua fé, outra tradição foi incorporada ao ciclo, que é o Almoço dos Inocentes. Para que sua filha Natalina engravidasse, prometeu à Santíssima, que é um dos Mistérios do cristianismo, simbolizada por uma coroa, e quando nasceu Manoel, a bênção foi paga com um farto almoço para 12 crianças representando os apóstolos. Até hoje na Favela o almoço é servido pelos descendentes de Gertrudes e Natalina Costa, e à Santíssima Trindade foi acrescentado o Inocentes.

Rodas de marabaixo, rituais e orações preservam a memória

A programação do Ciclo na Favela é formada por seis rodas de marabaixo onde os festeiros e familiares dançam com convidados e visitantes; rituais, como a derrubada dos mastros no quilombo do Curiaú, e Corte da Murta, que são os ramos que enfeitam os mastros; ladainhas e missa; Almoço dos Inocentes e lazer para as crianças. Neste ano os organizadores retomam o projeto da Biblioteca, que foi paralisado em função de furto no barracão, e inauguram o Museu Natalina Costa, com informações sobre a história da pioneira. A biblioteca e o museu irão funcionar no barracão, aberto para a comunidade a partir de 5 de maio.
Outra novidade prevista pela Associação Berço do Marabaixo é a parceria com o grupo teatral Os Desclassificáveis que irá proporcionar bazar cultural, oficinas de citações de história, teatro e aprendizado sobre o marabaixo. Ainda no barracão terá o Espaço Empreendedor, com venda e roupas e acessórios tradicionais do marabaixo, de gengibirra e outros elementos desta cultura. “Nossa família potencializa a preservação da cultura através destes espaços e de iniciativas como da Academia Amapaense de Marabaixo e Batuque, onde Natalina e Getrudes são patronas e eu, Maria José Libório e Marilda Costa somos acadêmicas”, disse Valdinete Costa, filha de Natalina Costa.  
Valdinete, que é coordenadora da programação, faz o convite para que a população prestigie o Ciclo do Marabaixo no Barracão de Gertrudes Saturnino, sua avó, e explica como funcionará. “Qualquer pessoa pode entrar na roda e participar dos rituais. Na Favela, com a urbanização, fizemos algumas adaptações, como a altura do som, que obedece as leis ambientais, e os fogos que soltamos até 22h, quando o mastro é levantado. Trabalhamos a educação ambiental com as crianças, e para cada mastro e murta arrancados, elas fazem a substituição com outra muda plantada. Estamos de portas abertas para receber o público, com dança, gengibirra e caldo para equilibrar”.

PROGRAMAÇÃO

31/03 – De17h às 24h – Marabaixo de Aceitação
01/05 – De 17h às 22h – Marabaixo do Trabalhador
05/05 – De 9h às 12h – Retirada do Mastro nas Matas do Curiaú
05/05 – De 17h às 24h – Marabaixo do Mastro
18 a 26/05 – Às 19h – Ladainhas em Louvor a Santíssima Trindade
19/05 – Às 16h – Corte da Murta
20/05 – De 17h às 07h do dia seguinte – Marabaixo da Murta
27/05 – Domingo da Santíssima
09h – Missa da Trindade na Igreja da Ss. Trindade
10h – Café da Manhã no Barracão
12h – Almoço dos Inocentes
14 às 18h – Tarde de brincadeiras para as crianças
31/05 – De 17h às 22h – Marabaixo de Corpos Christi
03/06 – De 17h às 22h – Derruba do Mastro.

Endereço do Barracão da Gertrudes Saturnino
Av. Duque de Caxias – 1203
Entre: Manoel Eudóxio e Professor Tostes
Fotos: Márcia do Carmo e Mariléia Maciel

Artigo do Rei


 

Máquinas de escrever ainda têm seus adeptos

“Fui criado na época da máquina de escrever. É um hábito que se enraizou de tal maneira que não consigo me livrar. Isso não me impediu de ganhar quatro prêmios Jabuti. A cabeça não funciona se não tenho a máquina. Se vou direto ao computador, a coisa não encaixa”, sentencia o poeta e jornalista Ivan Junqueira (79 anos), com 37 livros datilografados.
Metódico, Junqueira divide seu processo criativo em três atos. Começa com o texto escrito à mão. Em seguida o transpõe na máquina. Por fim, quando dá o datiloscrito por pronto, o repassa ao computador para enviar aos editores.

Bom, eu entrei na adolescência na década de 1970, e uma das exigências de deixar de usar bermudas, considerada roupa de criança, naquela época, meu avô, Mestre Benedito, estabeleceu que minha primeira calça comprida ele me daria aos completar 15 anos, se quisesse usar antes, tinha de comprar com meu dinheiro, ou seja trabalhar.
Naquela época não era crime jovem trabalhar, ao contrário, era incentivo para ser tornar logo cedo cidadão e se preparar para ter uma família, e os recursos, deveriam vir cumprindo o ditos bíblicos, com o ‘suor do seu rosto’.
Vizinho a residência de meus avós, localizada na Avenida Presidente Vargas, 770, na esquina da Rua Eliezer Levy, passou a residir a professora municipal Maria Augusta Ventura Costa, de origem portuguesa e membro de uma família que trouxe muitos valores profissionais para o Amapá, médicas, as irmãs Ventura, Clara (falecida), Emília e Alice. Maria Augusta montou uma escola de datilografia e fui um dos seus primeiros alunos, aos 13 anos de idade e empolgado, fazendo um curso de seis meses, consegui atingir o nível máximo em um mês e passei a ajudar os colegas e reconhecendo minha evolução, Maria Augusta, entregou-me uma turma de 15 alunos, e passei a ganhar meu primeiro salário. E a recompensa de ter desses alunos, 8 matriculados em concurso, todos aprovados com mérito em datilografia.
Bom, esse prólogo é para explicar meu amor pelas máquinas de Datilografia, e as décadas que ela me ajudou no meu emprego no Governo do extinto Território Federal do Amapá, atuando no SEAD, PMM, SEED, e nas secretarias do Dom Aristides Piróvano, Sebastiana Lenir e Colégio Amapaense. Veio a era da tecnologia, nasceram os computadores, retiraram as máquinas de escrever, dos escritórios e repartições públicas e o ultimo nicho, foi as residências, isso pelas exigências dos filhos e netos, também foram descartadas, viraram peças de museu ou relíquias familiar.
Mas o importante não tiraram, a essência da máquina de escrever, o teclado, que é o mesmo, somente com alguns adendos que facilitam o trabalho e colocaram uma tela. Mas o básico continua. Há, acabou a exigência de teclar com os dedos certinhos (asdfg) e a rapidez textual, que era competitiva e valia pontos nos antigos concursos (tantos toques em 1 minuto).
— O computador absolve o erro, parece que não houve luta ele sinaliza os erros e não exige que você se aprofunde na gramatica, ortografia e concordância. E quanta luta houve, nas escritas pela máquina de escrever!  Com a idade a gente vai ficando meio conservador. Tenho um PC, porém, é uma questão emocional, uma nostalgia de papel e tinta. Gosto de livro impresso e de jornal impresso. Faz um ano que o Tribuna Amapaense não é mais impresso e sinto falta do cheiro dele. E muitas pessoas pensam igual, cobram o impresso e leem as revistas e livros impressos, mesmo tendo os sites, blogues e portais.
Bom, essa semana iniciei uma checagem médica e ao chegar ao consultório médico, para fazer as preliminares, deparo com uma cena insólita, em cima da mesa do médico em vez de um computador ou Note book (PC), estava uma máquina Olivetti elétrica PII, fabricada na década de 80 e funcionando perfeitamente e era com ela que o médico preenchia os relatórios dos prontuários de seus pacientes. Pedi permissão, fiz umas fotos, uma delas retrata esse artigo e Emocionado me empolguei e perguntei ao médico, Doutor Walcy – ainda usa essa preciosidade? Uso, pois recebi reclamação de pacientes que não entediam minha letra e o CFM passou a pedir que as fossem expedidas as receitas digital e impressa. Como ‘ela’ estava em casa e funcionando, trouxe e faço o serviço perfeitamente, até hoje após mais de 30 anos ela não deu defeito e me acompanha sempre.
Nossa, eu pensei, quando o médico, começou a teclar minha receita, aquele barulho, o “tec-tec-tec”, que era a minha meditação e o barulho da alavanca do rolo que fazia o papel subir, para escrever a próxima linha e o aviso da ‘campainha’, que estava terminando a linha. Quanto tempo, a memória afetiva voltou com tudo e emoção da minha juventude veio à tona. “Eu quero meus pecados de escrita, para ver se são de fato pecados”. Saudade!

SAÚDE EM FOCO




 DESOSPITALIZAÇÃO: OS HOSPITAIS REFÉNS DAS DOENÇAS AGUDAS    
 
No passado a Medicina Popular, as ervas medicinais, as benzedeiras, as parteiras tradicionais, os curadores populares resolviam as doenças básicas da população pobre, que não tinha acesso aos Médicos de família. Mas essa concorrência por longos anos foi considerada marginal e atribuída como “curandeirismo” pela própria legislação e pelo Código de Ética Medica.
 Por imposição da industrialização e mercantilização a assistência à saúde afastou-se da comunidade e da família, criando o modelo centralizador e nosocomial, com atendimento em clínicas e hospitais. É o atual modelo hospitalocentrico, que evoluiu das Caixas  Saúde, do INAMPS, INPS e agora o SUS.
       Durante décadas esse sistema é financiado pelo Estado, que repassa recursos públicos para construir as estruturas hospitalares, equipamentos e instrumentos caros, só disponíveis para quem tinha carteira assinada e possuía condições de pagar. Assim, os investimentos em promoção, prevenção da saúde e saneamento básico ficaram em terceiro plano.
“O uso abusivo de ambiente hospitalar é ruim para pacientes, fontes pagadoras (governo e operadoras de planos) e até mesmo para os próprios hospitais” ( Wilson Jacob, Faculd. de Medicina da USP). Em função disso, hoje, os hospitais privados e operadoras de plano de saúde estão reconhecendo que o sistema está demasiadamente insalubre e caro, passam a investir  em programas de atenção primária e ambulatorial. 
Contribuiu sobremaneira para essa falência e carestia do modelo, o subfinanciamento da assistência primária no SUS, cuja atenção básica, vigilância em saúde e doenças crônicas sofreram redução drástica de investimentos nos últimos 13 anos (Lula e Dilma), fato esse repetidamente denunciado pelo CFM. As UBS perderam sua função. O PACS, PSF e o “Mais Médicos”, não deram uma resposta à assistência primária.  
A população, a família, diante nos pequenos desconfortos agudos, foi desacostumada ao autocuidado, levando ao hospital os filhos ou idosos, diante de uma simples tosse ou coceira, expondo-os a um ambiente repleto de agentes de doenças e infecções. Essas demandas da atenção básica lotam, ocupam leitos e consomem recursos dos hospitais, que deveriam receber só a alta complexidade, urgência e emergência.
O hospital brasileiro consome 70% dos gastos com saúde. Em sua maioria é de pequeno porte e de baixa complexidade. Entre os pacientes internados, 30% poderiam ser atendidos em outro setor de serviço e as internações desnecessárias geram um custo de R$ 10 bilhões por ano, conforme dados da Revista Visão Saúde (jan/fev/mar-2018).
Consta no Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil da UFMG e o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), de 2017, que morrem no Brasil 829 pessoas devido condições adquiridas em hospitais, sendo a segunda causa de morte mais comum, mais que os acidentes de trânsito, homicídios, latrocínios e câncer. Entre os afeitos adversos adquiridos no hospital o mais conhecido é a infecção hospitalar.
Toda essa situação é mais grave na rede pública, mantida pelo SUS, devido a falta de suporte e desestruturação do sistema hospitalar, a falta de investimento em promoção e prevenção e a descaracterização das estratégias de atendimento domiciliar (PCS/PSF). 
Os desperdícios e os custos da hospitalização, em 2016, chegaram ao total de R$ 135,6 bilhões e as internações representaram 41% desse montante, atingindo a cifra de R$ 50 bilhões aos planos de saúde. “... Para a redução dos índices de hospitalização é preciso uma estratégia forte de intervenção na saúde das pessoas , investindo em prevenção, garantindo acesso eficaz aos serviços de saúde e com qualidade”, propõe Jaime Gaviria, do Hapvida. (Fonte: Revista Visão Saúde (jan/fev/mar-2018). 27.03.2017.
 
Obra atrasada do Hospital da Criança-HCA, em Macapá, sem previsão de conclusão.

        

Artigo do Gato


Seja bondoso, isso faz bem  a você
O Evandro Gama um amapaense brilhante que buscou a educação como companheira para tirá-lo da vida modesta e pobre que sua infância lhe impôs, me faz uma falta danada. Ele é um desses caras de bom papo, propositivo. Um cara que persegue o aperfeiçoamento humano, através do conhecimento.
Eu o conheci quando veio a Difusora lá pelos idos de 2007 responder uma crítica que fazia sobre o modelo de assentamento usado pelo INCRA. Eu chamo de confinamento. Mas isso não vem ao caso agora. O que sei é que o Evandro faz falta pra mim. Um cara de um papo propositivo.
Nessa semana que finda recebi dele um texto maravilhoso. Uma entrevista com Richard Davidson, Phd em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva.
Não posso ser egoísta e guardar esse ensinamento só pra mim. Reproduzo nesse espaço para que os leitores do meu artigo tenham um enfrentamento com esse ensinamento e tirem o melhor proveito disso. “ Texto”
“A base de um cérebro saudável é a bondade, e pode-se treinar isso”
MARCH 31, 2017   ARTIGOS DESTACADOS
Por Ima Sanchís | 27 de março de 2017.

Richard Davidson, PhD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva

Nasci em Nova Iorque e moro em Madison, Wisconsin (EUA), onde sou professor de psicologia e psiquiatria na universidade. A política deve basear-se naquilo que nos une. Só assim poderemos reduzir o sofrimento no mundo. Acredito na gentileza, na ternura e na bondade, mas temos que nos treinar nisso.

Eu estava investigando os mecanismos cerebrais ligados à depressão e à ansiedade.

…E acabou fundando o Centro de Investigação de Mentes Saudáveis.

Quando eu estava no meu segundo ano na Universidade de Harvard, a meditação cruzou o meu caminho e fui para a Índia investigar como treinar a minha mente. Obviamente, meus professores disseram que eu estava ficando louco, mas aquela viagem marcou meu futuro.

…E assim que começam as grandes histórias.

Descobri que uma mente calma pode produzir bem-estar em qualquer tipo de situação. E quando me dediquei a investigar, por meio da neurociência, quais são as bases para as emoções, fiquei surpreso de ver como as estruturas do cérebro podem mudar em tão somente duas horas.

Em duas horas!

Hoje podemos medir com precisão. Levamos meditadores ao laboratório; e antes e depois da meditação, tiramos uma amostra de sangue deles para analisar a expressão dos genes.

E a expressão dos genes muda?

Sim. E vemos como as zonas com inflamação ou com tendência à inflamação tinham uma abrupta redução disso. Foram descobertas muito úteis para tratar a depressão. Contudo, em 1992, conheci o Dalai Lama e minha vida mudou.

Um homem muito encorajador.

“Admiro seu trabalho – ele me disse -, mas acho que você está muito centrado no estresse, na ansiedade e na depressão. Nunca pensou em focar suas pesquisas neurocientíficas na gentileza, na ternura e na compaixão?”.

Um enfoque sutil e radicalmente distinto.

Fiz a promessa ao Dalai Lama de que faria todo o possível para que a gentileza, a ternura e a compaixão estivessem no centro da pesquisa. Palavras jamais citadas em um estudo científico.

O que você descobriu?

Que há uma diferença substancial entre empatia e compaixão. A empatia é a capacidade de sentir o que sentem os demais. A compaixão é um estado superior. É ter o compromisso e as ferramentas para aliviar o sofrimento.

E o que isso tem a ver com o cérebro?

Os circuitos neurológicos que levam à empatia ou à compaixão são diferentes.

E a ternura?

Forma uma parte do circuito da compaixão. Umas das coisas mais importantes que descobri sobre a gentileza e a ternura é que se pode treiná-las em qualquer idade. Os estudos nos dizem que estimular a ternura em crianças e adolescentes, melhora os resultados acadêmicos, o bem-estar emocional e a saúde deles.

E como se treina isso?

Primeiro, levando a mente deles até uma pessoa próxima, que eles amam. Depois, pedimos que revivam um momento em que essa pessoa estava sofrendo e que cultivem o desejo de livrar essa pessoa do sofrimento. Logo, ampliamos o foco para pessoas não tão importantes e, por fim, para aquelas que os irritam. Estes exercícios reduzem substancialmente o bullying nas escolas.

Da meditação à ação há uma distância.

Umas das coisas mais interessantes que tenho visto nos circuitos neurais da compaixão é que a área motora do cérebro é ativada: a compaixão te capacita para agir, para aliviar o sofrimento.

Agora você pretende implementar no mundo o programa Healthy Minds (mentes saudáveis).

Esse foi outro desafio que o Dalai Lama me deu, e temos elaborado uma plataforma mundial para disseminá-lo. O programa tem quatro pilares: a atenção; o cuidado e a conexão com os outros; o contentamento de ser uma pessoa saudável (fechar-se nos próprios sentimentos e pensamentos é uma das causas da depressão)…

…É preciso estar aberto e exposto.

Sim. E, por último, ter um propósito na vida. Que é algo que está intrinsecamente relacionado ao bem-estar. Tenho visto que a base para um cérebro saudável é a bondade. E treinamos a bondade em um ambiente científico, algo que nunca tinha sido feito antes.

Como podemos aplicar esse treinamento em nível global?

Por meio de vários setores: educação, saúde, governo, empresas internacionais…

Por meio desses que têm potencializado este mundo de opressão em que vivemos?

Tem razão. Por isso, sou membro do conselho do Foro Econômico Mundial de Davos. Para convencer os líderes de que é preciso levar às pessoas o que a ciência sabe sobre o bem-estar.

E como convencê-los?

Por meio de provas científicas. Tenho mostrado a eles, por exemplo, o resultado de uma pesquisa que temos realizado em diversas culturas diferentes: se interagirmos com um bebê de seis meses usando fantoches, sendo que um deles se comporta de forma egoísta e o outro de forma amável e generosa, 99% dos bebês prefere o boneco que coopera.

Cooperação e amabilidade são inatas.

Sim, mas são frágeis. Se não são cultivadas, se perdem. Por isso, eu, que viajo muitíssimo (o que é uma fonte de estresse), aproveito os aeroportos para enviar mentalmente bons desejos a todos com quem cruzo no caminho, e isso muda a qualidade da experiência. O cérebro do outro percebe isso.

Em apensa um segundo, seguem o seu exemplo.

A vida é só uma sequência de momentos. Se encadearmos essas sequências, a vida muda.

Hoje, mindfulness (atenção plena) tornou-se um negócio.

Cultivar a gentileza é muito mais efetivo do que se centrar em si mesmo. São circuitos cerebrais distintos. A meditação em si não interessa para mim. O que me importa é como acessar os circuitos neurais para mudar o seu dia-a-dia, e sabemos como fazer isso.

Ciência e Gentileza

A pesquisa de Richard Davidson está centrada nas bases neuronais da emoção e nos métodos para promover, por meio da ciência, o florescimento humano, incluindo a meditação e as práticas contemplativas. Ele fundou e preside o Centro de Investigação de Mentes Saudáveis na Universidade de Wisconsin-Madison, onde são realizadas pesquisas interdisciplinares com rigor científico sobre as qualidades positivas da mente, como a gentileza e a compaixão. Richard Davidson já acumula prêmios importantes e é considerado uma das cem pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Time. É autor de uma quantidade imensa de pesquisas e tem vários livros publicados. Ele conduziu um seminário para estudos contemplativos em Barcelona.

*Traduzido de entrevista publicada no site do La Vanguardia

http://www.lavanguardia.com/lacontra/20170327/421220248157/la-base-de-un-cerebro-sano-es-la-bondad-y-se-puede-entrenar.html


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