Dores
de cabeça repentinas e sem explicação devem ser investigadas
São
Paulo, 21 de novembro de 2017 – No próximo dia 23 de novembro é lembrado o Dia
Nacional de Combate ao Câncer Infantil. Entre os tumores mais frequentes na
infância e adolescência estão aqueles que atingem o Sistema Nervoso Central
(SNC), que podem se desenvolver no cérebro ou na medula espinhal. De acordo com
o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os tumores sólidos do SNC correspondem a
aproximadamente 25% das neoplasias em crianças abaixo de 15 anos.
Felizmente,
graças aos avanços da medicina, aproximadamente 80% das crianças e adolescentes
conseguem vencer a batalha contra o câncer, desde que diagnosticados e tratados
precocemente. “Embora seja um assunto sensível, é importante abordá-lo para que
os pais possam ser alertados de possíveis sinais ligados à doença”, comenta a
neurologista infantil, Dra. Andrea Weinmann, do Centro Neurológico Weinmann.
Alerta
máximo para dores de cabeça sem causa
“Quando
falamos de câncer do sistema nervoso central não é possível especificar os
sintomas para cada tipo de tumor. Isso vai depender de uma série de fatores,
como localização, tipo, idade da criança e desenvolvimento neurológico. Mas,
sabemos, por exemplo, que em 85% dos casos há presença de dor de cabeça
decorrente do aumento da pressão intracraniana”, explica Dra. Andrea.
Segundo
o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, os sintomas quase sempre são decorrentes
do crescimento do tumor, que pode infiltrar-se ou comprimir outras estruturas
do sistema nervoso central. Além disso, podem ser secundários à obstrução do
fluxo de líquidos e do aumento da pressão intracraniana. “A hipertensão
intracraniana pode se instalar de repente e de forma silenciosa. A principal
manifestação é a cefaleia constante, que pode surgir, em média, de quatro a
seis meses antes do diagnóstico do câncer”, comenta. Outro ponto de atenção são
as crises convulsivas, que podem atingir de 20 a 30% dos pacientes.
Dra.
Andrea explica ainda que como o cérebro da criança está em desenvolvimento,
principalmente antes dos três anos de idade, os sintomas podem ser diferentes
daqueles que atingem o cérebro de um adulto. “Em geral, em crianças menores
podem surgir irritação, choro, falta de apetite e vômitos. Já nos maiores,
podemos perceber um pouco melhor mudanças de comportamento, atrasos ou
problemas na fala, na marcha, mudança de humor, apatia, paralisia em uma parte
do corpo, alterações na visão e na audição, por exemplo”.
Como
é feito o tratamento?
De
acordo com o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, a intervenção cirúrgica para
retirada do tumor é o tratamento de escolha na maioria dos casos, salvo
naqueles que, infelizmente, se tornam inoperáveis devido à localização. Além da
cirurgia, o tratamento pode incluir radioterapia e/ou quimioterapia.
“Normalmente,
o primeiro passo do tratamento do câncer que atinge o sistema nervoso central é
a remoção cirúrgica. O procedimento pode ou não ser acompanhado de
radioterapia. Esses procedimentos são efetivos para curar vários tipos de
tumores, como os gliomas de baixo grau, meningiomas e astrocitomas cerebelares,
por exemplo. Entretanto, para outros tipos de tumores a cirurgia é feita para
redução do tamanho, tanto para aliviar os sintomas, como para diminuir a
necessidade de radioterapia ou quimioterapia”, explica o neurocirurgião.
“De
qualquer maneira, tumores do SNC inspiram muito cuidado, tanto no momento da
cirurgia, quanto posteriormente, pois é possível o aparecimento de sequelas.
Sendo assim, o acompanhamento do paciente é feito por várias especialidades,
como o neurologista infantil, o oncologista, o neurocirurgião, entre outros”,
diz Dr. Iuri.
Para
os especialistas, o mais importante é que os pais possam ser alertados dos
possíveis sintomas e procurar avaliação médica precocemente. Como todas as
doenças, quanto antes forem feitos o diagnóstico e o tratamento, melhor será o
prognóstico.
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