Segovia assume PF e lamenta ‘triste
disputa’ com MP
Novo diretor-geral do órgão, que já
defendeu proibir procuradores de investigar, pede que servidores deixem de lado
'a vaidade e a sede de poder'
Por Guilherme Venaglia
Fernando Segovia, diretor-geral da Polícia Federal, durante cerimônia de
posse no Ministério da Justiça em Brasília (Ricardo Botelho/Folhapress)
Na cerimônia em que recebeu
oficialmente o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia fez
um discurso breve, agradecendo ao presidente Michel Temer (PMDB) pela indicação
e lamentando a “infeliz e triste disputa institucional de poder entre a Polícia
Federal e o Ministério Público Federal”. Ele conclamou procuradores e policiais
a deixarem “de lado a vaidade e a sede de poder, buscando um equilíbrio e um
entendimento em nossas ações, em prol de toda a nação brasileira”.
Os dois órgãos travam uma histórica
disputa por atribuições legais. Em 2013, Fernando Segovia ensejou a defesa de
um projeto de lei que, na prática, praticamente inviabilizaria o poder de
investigação de procuradores. Rejeitada pelas manifestações de junho daquele
ano, a proposta acabou derrotada na Câmara dos Deputados. Atualmente, o
principal ponto de conflito entre as duas instituições tem sido as delações
premiadas: enquanto policiais reivindicam o direito de celebrar acordos, o MPF
já afirmou reiteradas vezes que considera que este é prerrogativa sua.
Fernando Segovia garantiu um
“combate incansável à corrupção”, afirmando que essa continuará sendo “a agenda
prioritária” da PF. Ele citou algumas das operações em andamento, como Lava
Jato, Cui Bono?, Cadeia Velha e Lama Asfáltica. Além de Temer, estavam
presentes à solenidade o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o
ministro da Justiça, Torquato Jardim, o vice-presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Dias Toffoli, e o antecessor de Segovia, Leandro Daiello.
O novo diretor-geral da Polícia
Federal falou também sobre as principais atribuições da força, elegendo como
outros focos da sua gestão o combate ao crime organizado, ao tráfico de drogas,
ao tráfico de armas e munições e aos crimes ambientais. Ele também previu para
a sua gestão um “capítulo especial” durante as eleições do ano que vem. “É
esperado um papel republicano da Polícia Federal, com isenção total do processo
eleitoral, coibindo qualquer tipo de crime independentemente de partidos
políticos, garantindo assim a lisura do processo eleitoral”, afirmou. (Veja)
Nenhum comentário:
Postar um comentário