domingo, 25 de junho de 2017

DOB, a "cápsula do horror".

DOB, a "cápsula do horror".

Dupla comercializa vários tipos de drogas na região Central de Macapá (Foto- Divulgação-Polícia Militar)

 As drogas sintéticas voltaram com força e reinam nas raves do Brasil. E chegou ao Amapá.




Reinaldo Coelho
Colaboração de J. Junior


A Superintendência da Polícia Federal do Amapá, com o apoio dos setores de inteligência do Ministério Público Estadual e da Polícia Militar do Amapá, prendeu na tarde da segunda-feira (12/6) dois homens por tráfico de drogas. De acordo com as investigações, as drogas seriam vendidas em festas e boates da cidade. Foram apreendidos 475 selos, sendo 225 de DOB (cápsula do vento) e 250 de LSD, além de cocaína e maconha.

Essa simples noticia policial publicada nos periódicos amapaense passaria despercebida, devido a constante apreensão de drogas realizado pelos diversos órgãos de segurança pública do Amapá. Porém, a apreensão de 475 selos de drogas sintéticas, entre eles 225 de DOB (cápsula do vento) uma droga há tempos esquecida que reaparece sendo comercializada em pleno centro da capital amapaense, na Praça Floriano Peixoto, tal constatação vem assombrando os agentes policiais e principalmente a população amapaense.
DOB (Date Of Birth) 

A DOB (Date Of Birth) também conhecida como ‘capsula do vento’, se tornou febre nas raves ao redor do mundo. A cápsula do vento é um pozinho branco, de aparência comum, mas que pode ser fatal. É um derivado da anfetamina e tem propriedades alucinógenas. Os efeitos podem durar muitas horas.

Ela foi sintetizada para ser um novo moderador de apetite, mas foi descartada pelo laboratório químico que a produziu porque era muito tóxica. Ficou na prateleira por várias décadas e foi redescoberta na década de 70 para ser a droga do amor. E agora volta, se transformando na droga mais usada em raves.


Recentemente uma onda de apreensão revelou que o consumo da droga tem aumentado no Brasil devido aos seus efeitos intensos. A DOB chegou ao Amapá e homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais(BOPE) fizeram as primeiras apreensões em Macapá.

Tenente Coronel Matias, Comandante do BOPE ,
apreendeu 10 cartelas de DOB
A reportagem do Tribuna Amapaense teve o suporte do Radialista J. Junior que conversou com o Comandante do BOPE/Amapá, Tenente Coronel Matias sobre essa nova e mortal droga sintética.

“Realmente, recebemos a denuncia de que em festas, bares e nestas festas raves estavam sendo vendidas a droga sintética do tipo LSD, que já tínhamos conhecimentos. Porém, para nossa surpresa quando fizemos a prisão de dois traficantes, eles estavam com outro tipo de drogas sintética que é a DOB, que era muito utilizada pela juventude na década de 1970 e é uma droga que saiu do mercado, devido ao seu feito que é devastador no organismo do usuário. E desde o primeiro uso, pode vir a óbito”.

A DOB pode levar até três horas para começar a fazer efeito, levando o usuário a consumir doses mais altas

Análise feita pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF (Polícia Federal) a partir das amostras colhidas em Santa Catarina revelaram se tratar de uma droga chamada DOB (2,5-dimetoxi-4-bromoanfetamina), uma anfetamina que causa efeitos estimulantes e alucinógenos parecidos ao do ecstasy e que podem durar até 30 horas.
O Comandante do BOPE, descreveu que o efeito da droga DOB inicia-se de seis a oito horas após tomada e dura até 30 horas. “Existem relatos de pessoas que ficaram até uma semana sob efeito alucinógeno dessa substância, acordados. A pessoa pode ter uma alteração cardíaca, convulsões, alucinações intensas e morte. Em alguns estados ela é conhecida como a ‘Droga do Horror’, para se ter uma ideia do seu potencial mortal”.


A equipe da Polícia Militar ao abordar os traficantes que estava com mais de 10 cartelas de droga sintética DOB (225 selos de DOB) na praça Floriano Peixoto confirmou o que já vinha tomando conhecimento com as informações de outras UF, a venda e o uso de drogas sintéticas voltou com força. “Essa droga é potencialmente perigosa para a nossa juventude ou à qualquer outra pessoa que fazer uso dela”, afirma o Coronel Matias.

Parcerias


Durante as ações da polícia Militar em parcerias com a Civil e Federal foram apreendidas mais de 220 porções e 445 cartelas de drogas alucinógenas como maconha e LSD foram apreendidas em duas abordagens em Macapá. Uma na praça Floriano Peixoto, no Centro de Macapá, e a outra no bairro Brasil Novo, na Zona Norte; as apreensões foram feitas com menos de 1 hora de intervalo.
Além de já ser potencialmente mortal o seu consumo, as drogas sintéticas e em especial do DOB, tem um tempo prologado para iniciar o seu efeito, e devido o jovem usuário não ter conhecimento das características do que está usando, passa a tomar bebidas alcoólicas e logo coloca mais uma pastilha sob a língua e pode chegar a overdose e ao óbito.

O Coronel Matias destaca que a DOB tem uma potência de efeito 10 vezes maior que o LSD. “Então se você potencializa esse efeito, usando mais uma cartela e adicionando a bebida alcoólica treplicando o efeito, não tem organismo de ser humano que aguente, certamente essa pessoa vem a óbito”.

Diversas apreensões ocorreram ao longo do primeiro semestre de 2017


As Polícias Militar, Civil e Federal voltaram a intensificar o cerco ao tráfico de drogas no Amapá e, estão concluindo o primeiro semestre de 2017, com a apreensão de quase 150 kg de entorpecentes nos 06 primeiros meses do ano.
Durante as ações de combate ao tráfico, foram tirados de circulação diversos tipos de substancias incluindo maconha, crack, cocaína, Skank e até drogas sintéticas, dentre elas, uma das mais perigosas que é a Dob.
As apreensões contaram com o poio dos núcleos de inteligência de todas as corporações que levantam informações fundamentais para desarticular o tráfico em vários locais do Estado. O Canil do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), também teve participação primordial nas ações policiais.
As últimas apreensões aconteceram nessas duas últimas semanas, quando em uma delas, uma mulher, identificada como sendo Dafnni Karmen, de 20 anos de idade, foi flagrada com dois quilos de Maconha Jamaicana, conhecida como Skank. Essa droga é usada apenas por quem possui poder aquisitivo mais elevado, pois uma pequena porção, custa de 200 a 300 reais.
DETE avança contra o tráfico
A equipe da Delegacia Especializada de Tóxicos e Entorpecentes (Dete) comandada pelo delegado Sidney Leite, tem feito neste primeiro semestre de 2017 a apreensão de 25 quilos de maconha, 15 quilos de cocaína, além de outros 100 quilos de drogas que foram apreendidos em um navio que partiria no dia 31 de maio em Santana, com destino a Belém (PA). A maior parte do entorpecente estava embalada em sacolas e bagagens que foram escondidas dentro de um dos camarotes da embarcação.
Em janeiro, cinco jovens foram presos com porções de maconha, crack, LSD e ecstasy, no Centro de Macapá. As prisões aconteceram após denúncias e investigações da DETE, que identificou que o grupo comercializava a droga em bares na Zona Central da cidade. Os 5 presos, 4 homens e uma mulher, foram identificados durante as investigações.
No mês de março foram apreendidos um quilo de crack e 25 porções de maconha em uma embarcação no canal do bairro Pedrinhas, na Zona Sul de Macapá. A corporação encontrou e prendeu o proprietário do barco. Um cão farejador da polícia teria localizado onde a droga estaria. As substâncias estavam escondidas em um balde, embaladas em pacotes de diversos tamanhos.
Em abril, duas mulheres e um homem foram presos no dia 12 por suspeita de tráfico de drogas no bairro Infraero 2, na Zona Norte de Macapá. Segundo a Polícia Militar (PM), foram apreendidos em uma residência quantidades não informadas de crack e cocaína, além de dinheiro, celulares e uma balança de precisão.

No mês de maio, um homem suspeito de tráfico de drogas no bairro Infraero 1, na Zona Norte de Macapá. Segundo a polícia, mais de 5 quilos de substâncias, entre cocaína e crack, foram achados na casa onde ele mora.


Drogas na praia de Sucuriju
No dia 9 de maio, mais de 5 quilos de pasta base de cocaína foram entregues à polícia por um homem de 29 anos. Ele encontrou os pacotes em uma praia no município de Amapá, a 302 quilômetros de Macapá e trouxe de barco até a capital. De acordo com o Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciodes), quatro pessoas foram presas ao ameaçar o tripulante enquanto procuravam pela droga na embarcação.
Sidney Leite diz que há cinco meses, ainda não se sabe o motivo, pacotes de cocaína começaram a aparecer naquela região. “Não se sabe ainda se foi a embarcação de traficantes que afundou, ou se eles se desfizeram da droga durante possível perseguição em alto mar, mas o fato é que o entorpecente foi carregado pela correnteza marítima para perto da costa. Pescadores começaram a encontrar esses pacotes e vender para pessoas ligadas ao tráfico. Pelo que se viu, certamente essa droga vinha do Suriname, revelando-nos essa nova rota internacional”, explicou.
A droga retirada do mar pelos pescadores era vendida para traficantes nos municípios de Amapá e Calçoene. De lá ela era enviada para abastecer os comércios de Macapá e Santana. “É uma droga de alto valor. Então, era comercializada, principalmente, em casas noturnas e grandes eventos. Os usuários são em sua maioria jovens de classe média e classe média alta. Nós percebemos essa ‘enxurrada’ de cocaína na capital exatamente no mesmo período em que os pacotes começaram a aparecer na costa do Amapá”, lembra o delegado.
Missão Amapá
Existe um planejamento na Policia Civil – DETE - para o delegado  liderar uma missão à costa do município de Amapá, para tentar localizar mais drogas e descobrir pessoas que estejam envolvidas no crime internacional de tráfico. “Estamos fazendo essa articulação para seguir até àquela área, mas temos noção da complexidade da missão, já que temos, no mínimo, cerca de 50 quilômetros de extensão a percorrer”, declarou o policial.


BOX

Um alucinógeno mortal

A DOB (Date Of Birth), também conhecida como “capsula do vento”, é um derivado de anfetamina acrescentada de um átomo de bromo. Esse acréscimo tem a finalidade de aumentar o efeito da droga, já que o bromo é dificilmente metabolizado pelo organismo. Seu efeito é bastante semelhante ao LSD, embora possa ser até dez vezes mais potente. Além do efeito estimulante inicial, esta droga causa alucinações intensas, o que a torna bastante diferente do ecstasy.
Para os especialistas a DOB é uma bomba de efeito retardado: a dose, que varia de 1 a 3 mg - o equivalente a uma pitada de sal mais ou menos generosa - demora de uma a três horas para agir no organismo e consequências de seu consumo podem ser desastrosas já que alguns relatos apontam a perda da sensibilidade à dor e a “perda do medo”, fazendo com que o sujeito se exponha a inúmeras situações de risco. Em altas doses o DOB produz uma perda de memória, acessos irracionais de violência e um risco de automutilação. Uma porção de 8 mg pode levar a uma overdose.

As consequências de seu consumo podem ser desastrosas já que alguns relatos apontam a perda da sensibilidade à dor e a “perda do medo”. A droga também provoca o espasmo vascular dos membros inferiores, o que leva à gangrena. Ocorrem também náuseas, vômitos, diarreia e sintomas de pânico e de confusão mental. Se a droga sozinha já faz este estrago, imagine combinada com outras drogas.

A DOB já é conhecida desde a década de 70, provavelmente trazida da Europa, mas foi deixada de lado justamente por seus efeitos fortes para o organismo.

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