quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

NUTRIÇÃO - ESPECIAL 544 B





Mirrelle Rabelo e Manuelle Tavares




Em um mundo globalizado onde o tempo é precioso, o ser humano tenta se adaptar a uma rotina agitada. Filhos, casa, trabalho e várias atividades são realizadas no dia a dia. O problema com essa geração é querer praticidade em tudo e cuidados importantes acabam sendo ignorados “sem querer”. Os produtos industrializados ganham cada vez mais espaço no carrinho de compras do brasileiro, comidas pré-prontas ou semi-cozidas que facilitam a vida de qualquer um. Porém, tudo tem um preço. E numa alimentação inadequada quem paga a conta é a saúde.
Foi o que ocorreu com a universitária Marly Pereira. Aos 30 anos, ela foi vítima de uma alimentação inadequada e sem orientação. Medindo 1,53m de altura, ela chegou a pesar 70kg. Junto com o peso, ganhou também hipertensão e baixa autoestima. “Eu comia de tudo sem nenhuma restrição. Fiquei com sobrepeso e hipertensão. Tudo isso afetou, também, meu psicológico. Fiquei com a estima baixa, não gostava mais nem de sair de casa. Porque, o pior momento era quando eu ia procurar uma roupa pra sair e nenhuma ficava boa”, relembra Marly.
Atualmente, a jovem se adaptou a uma nova rotina. Há quase um ano, decidiu fazer uma reeducação alimentar e aderiu também à prática de exercícios físicos. “Com menos 10kg eu me sinto bem melhor. Sou mais feliz e, principalmente, mais saudável. Mantenho uma rotina com alimentação equilibrada pra nunca mais correr risco de ganhar sobrepeso”, frisou.


Sobrepeso e obesidade
Em 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizou um levantamento apontando que 60% dos brasileiros, ou seja, cerca de 82 milhões de pessoas apresentaram o índice de massa corporal (IMC) igual ou maior do que 25 (sobrepeso ou obesidade). O estudo indicou uma prevalência maior de excesso de peso no sexo feminino (58,2 %) do que no sexo masculino (55,6%). Os dados anunciados pelo IBGE traduzem a urgência de se pensar políticas públicas para uma alimentação adequada.


Os dados do IBGE também mostraram que a obesidade acometeu um em cada cinco brasileiros de 18 anos ou mais em 2013 (20,8%), sendo que o percentual é mais alto entre as mulheres (24,4% contra 16,8% dos homens). Em dez anos, a obesidade entre mulheres de 20 anos ou mais passou de 14,0% em 2003, para 25,2% em 2013, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

Estas informações preocupam, principalmente os órgãos de saúde, uma vez que a obesidade e o sobrepeso são doenças sérias que nunca vem sozinhas. Elas agravam o surgimento de outras doenças, como hipertensão, problemas cardíacos, colesterol elevado e doenças psicológicas como depressão. A situação provoca maior procura por atendimento nas unidades hospitalares, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde e elevando os gastos públicos.

Como os amapaenses tem se alimentado

Dados do Ministério da Saúde relacionados a indicadores alimentares nas capitais brasileiras (Vigitel, 2014) apontam que, na capital amapaense, 52% da população adulta encontra-se com excesso de peso e 21% consome refrigerantes em cinco ou mais dias da semana (a máxima registrada nas capitais é de 29% e a mínima, de 7%).
Para combater isso, o governo federal está reforçando a articulação de um conjunto de políticas intersetoriais, ampliando as políticas de inclusão produtiva rural da população, com ações para fortalecer a produção, o abastecimento e a comercialização dos alimentos, além da consolidação do Sisan.
Entre as iniciativas, destacam-se o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), cujo percentual mínimo de aquisição de alimentos da agricultura familiar é de 30% e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra produtos da agricultura familiar – em geral, a partir da produção local – e os distribui entre a população em situação de vulnerabilidade.
O mesmo ocorre com as compras governamentais, feitas por meio da modalidade Compra Institucional, do PAA. Criado em 2012, o modelo permite que municípios, estados e órgãos federais comprem, com recursos financeiros próprios, produtos da agricultura familiar de forma simplificada e segura. E uma nova medida anunciada no Plano Safra da Agricultura Familiar 2015/2016 determina que os órgãos federais (administração direta e indireta) deverão destinar, no mínimo, 30% dos recursos aplicados na aquisição de alimentos para a compra de produtos da agricultura familiar.
Insegurança Alimentar
Alguns passos nesse sentido já vem sendo dados desde 2006 com a criação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), que coordena as ações públicas nesta direção e articula a integração entre os entes federados e a sociedade civil. Ao aderir ao sistema, os governos estaduais e prefeituras reforçam o acesso à alimentação, por meio da busca ativa ao número de famílias que ainda estão em insegurança alimentar e promovem a qualidade dos alimentos que são ingeridos pela população.
Onze anos se passaram e o Amapá ainda não conseguiu concluir o Plano Estadual de Segurança Alimentar, que se propôs a elaborar em 2015, quando ocorreu em Macapá, a 4ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. É esse plano que vai definir de que forma serão identificadas as famílias em situação de risco.
A gerente do Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional e secretária Executiva da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar do Amapá (Caisan/AP), Tândera Pestana, reclama que uma das dificuldades para concluir o Plano de Segurança Alimentar é a falta de interesse das prefeituras em aderir às políticas voltadas para a melhoria da segurança alimentar da população. “Isso dificulta ainda mais a nossa meta de formular o Plano Estadual. Alguns municípios até tem leis sobre a segurança alimentar. Mas, ainda não a executam de fato. É o que ocorre em Feira Gomes e Serra do Navio”, citou.


Investimentos

Mas, os esforços para destravar a burocracia vem sendo recompensados e revertidos em benefícios aos agricultores locais. Prova disso, foi a vinda do ministro do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), Osmar Terra, em Macapá (AP), onde cumpriu agenda nesta sexta-feira, 17. Ele veio entregar veículos e equipamentos de um convênio entre o Governo do Amapá e Governo Federal, para execução do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Em sua fala durante a cerimônia de entrega que aconteceu ao lado do Trapiche Eliezer Levy na Orla de Macapá, o ministro Osmar Terra destacou o papel fundamental do governo. “O governo do Amapá cumpriu um papel muito importe nos ajudando a resgatar recursos que estavam perdidos e que agora foram revertidos em aquisição de equipamentos para fortalecer a agricultura familiar”.
O ministro do MDSA ressaltou que a entrega dos equipamentos é a primeira etapa de outras que virão. Famílias de extrativistas que não tem água potável estão sendo ajudadas com R$ 6,9 milhões. E mais de R$ 500 mil também estão sendo repassados para o Conselho de Segurança Alimentar Nutricional do Amapá (Consea/AP) “São recursos que vem para quem mais precisa, para população mais vulnerável aqui do Amapá”, frisou.
O governador Waldez Góes informou que os 16 municípios amapaenses estão sendo contemplados com os recursos. “Os beneficiários diretos dessas parcerias são as entidades sociais e filantrópicas”, ressaltou.
Presente no evento, a deputada estadual Marília Góes (PDT), falou com entusiasmo sobre o programa Criança Feliz anunciado pelo ministro Osmar Terra, que será implantado no Amapá. O objetivo deste programa é garantir uma alimentação adequada nos primeiros dias de vida da criança. No mês de março, Terra irá retornar ao Amapá para implantar o Criança Feliz, que será coordenado pelo MDSA.
Equipamentos
Ao todo, foram entregues 13 caminhões para escoamento dos produtos das comunidades para as feiras do PAA nos municípios de Amapá, Calçoene, Cutias, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Santana, Macapá, Mazagão, Porto Grande, Pracuúba, Serra do Navio e Tartarugalzinho.
Foram entregues, ainda, quatro pick-ups para as secretarias do Desenvolvimento Rural do Amapá (SDR) e de Inclusão e Mobilização Social (Sims) e equipamentos para Instituto do Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap). O órgão que executa o PAA foi contemplado com 160 caixas térmicas, 36 balanças de pequeno e grande porte (de até 300 kg), 200 monoblocos plásticos e 100 paletes dupla face.
O valor total do convênio é de R$ 8,2 milhões. O Governo do Amapá executou 50% do contrato e executará o restante ao longo de 2017. Desde 2015, o Executivo estadual está investindo na agricultura familiar, possibilitando a geração de renda para a população rural e a oferta de produtos com mais qualidade para a população amapaense.
O governador Waldez Góes ressaltou a importância do PAA para o Programa de Produção Integrada (PPI), que incentiva a produção na agricultura familiar. “Foi um trabalho intenso para resgatar os recursos que estavam perdidos e temos, agora, dois programas voltados para a agricultura familiar. O PPI apoia a produção no campo e o PAA adquire os alimentos produzidos”.
Oferta de alimentos
O Brasil aumentou a oferta de alimentos graças ao fortalecimento da agricultura familiar, responsável pela maior parte do que é consumido no país. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostram o aumento de 10% da oferta de calorias no país em 10 anos. Em média, a disponibilidade diária de calorias passou de 2.900 para 3.190, entre 2002 e 2013.
Por meio do PAA, os agricultores familiares brasileiros aprendem a planejar a produção, regularizar o fornecimento e garantir a qualidade dos alimentos produzidos. Em 2014 no Amapá, o governo federal investiu R$ 9,2 milhões na compra de 2,5 mil toneladas de alimentos de 1,3 mil agricultores familiares.
Outra estratégia para melhorar a produtividade da agricultura familiar é por meio da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). No Amapá, 890 agricultores familiares já têm acesso garantido a estes serviços.



Ministério da Saúde disponibiliza de Guia Alimentar para a população brasileira


Em 2014, o Ministério da Saúde publicou um Guia Alimentar para os brasileiros. A proposta era usar o instrumento no combate à obesidade e o avanço das doenças crônicas no Brasil. Pois, mais da metade da população já se encontrava acima do peso.
A atualização da publicação relata quais cuidados e caminhos para alcançar uma alimentação saudável, saborosa e balanceada. A nova edição, ao invés de trabalhar com grupos alimentares e porções recomendadas, indica que a alimentação tenha como base, alimentos frescos (frutas, carnes, legumes) e minimamente processados (arroz, feijão e frutas secas), além de evitar os ultraprocessados (como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes).
A intenção do Guia Alimentar é promover a saúde e a boa alimentação, combatendo a desnutrição, em forte declínio em todo o país, e prevenindo enfermidades em ascensão, como a obesidade, o diabetes e outras doenças crônicas, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto e câncer. Além de orientar sobre qual tipo de alimento consumir, a publicação traz informações de como comer e preparar a refeição e sugestões para enfrentar os obstáculos do cotidiano para manter um padrão alimentar saudável, como a falta de tempo e inabilidade culinária.
O Guia orienta as pessoas a optarem por refeições caseiras e evitarem a alimentação em redes de fast food e produtos prontos que dispensam preparação culinária (‘sopas de pacote’, pratos congelados prontos para aquecer, molhos industrializados, misturas prontas para tortas). Outras recomendações diz respeito ao uso moderado de óleos, gorduras, sal e açúcar ao temperar e cozinhar alimentos e o consumo limitado de alimentos processados (queijos, embutidos, conservas), utilizando-os, preferencialmente, como ingredientes ou parte de refeições. Na hora da sobremesa, o ideal é preferir as caseiras, dispensando as industrializadas.
Destaque especial é dado também às circunstâncias que envolvem o ato de comer, aconselhando-se regularidade de horário, ambientes apropriados e, sempre que possível, companhia. O ideal é desfrutar a alimentação, evitar a refeição assistindo à televisão, falar no celular, ficar em frente ao computador ou atividades profissionais.
 10 passos para uma alimentação adequada e saudável:
1         Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação
2        Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias
3         Limitar o consumo de alimentos processados;
4        Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
5         Comer com regularidade e atenção em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia;
6         Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;
7        Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
8         Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;
9         Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;
10       Ser crítico quanto às informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais;

O guia completo está disponível no site no Ministério da Saúde: www.saude.gov.br

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