INVASÃO DAS MOSCAS DOMÉSTICAS
Falta de higiene e recolhimento de lixo favorece as
pragas nas cidades
Reinaldo Coelho
Para começar esta matéria acertando “na mosca”, sem
trocadilho, a definição mais objetiva é: praga urbana por inseto é sinônimo de
falta de higiene humana. Ao pé da letra é isso que repetem todos os
especialistas e agentes públicos sanitários que lidam com o aumento da
população de mosquitos, baratas, escorpiões, ratos e outros.
É uma espécie “nojenta” e perturbadora, isso Raul
Seixa já cantava “Eu sou a mosca que pousou na sua sopa / Eu sou a mosca que pintou pra
lhe abusar /”
A espécie de maior interesse médico/sanitário é a
mosca doméstica (Musca domestica – a este gênero Musca pertencem
aproximadamente 60 espécies) e sua ocorrência, distribuição e
predominância são fatores de grande importância para à avaliação das
condições de saúde de uma população, pois indicam os seus hábitos de higiene e
de organização tanto doméstico como empresarial.
A falta de higiene e limpeza proporciona, associado
a maus hábitos pelos moradores, mais oferta de alimentos às pragas. Isso
associado à falta de organização ambiental nas instalações, como a presença de
entulhos, restos de materiais de construção e até mesmo arquitetura inadequada
do imóvel – o que favorece oferta de abrigo fácil aos insetos – ampliam o
efeito das pragas.
E infelizmente Macapá se enquadra nessa situação, a
população macapaense não aprendeu a cuidar de seu lixo doméstico e para
livrar-se dele coloca na própria rua, criando as famosas “lixeiras viciadas”. A
administração municipal vem realizando constantes limpezas nesses pontos de
imundice, porém logo em seguida elas voltam com mais intensidade.
Os lixos acumulados nos quintais atraem a mosca
doméstica, uma espécie mais comum em ambientes urbanos, tem uma maior atividade
nas horas mais quentes do dia perturbando as pessoas e transmitindo doenças.
Vários estudos demonstraram que a mosca doméstica
pode levar os bacilos da febre tifoide (Salmonella typhosa) nas pernas, corpo,
tromba ou expulsá-la pela regurgitação ou nas fezes. Pode transmitir ainda diarreia,
conjuntivites, lepra, tuberculose, tifo, gonorreia, erisipelas, cólera,
meningite cérebro-espinhal, peste bubônica, entre outras.
Muitas doenças causadas por vírus também podem ser
transmitidas pela mosca doméstica, tais como, varíola, poliomielite, oftalmia
purulenta, etc.
Veiculam ainda protozoários, podendo causar a
disenteria amebiana, além de vermes, pois trazem seus ovos quando pousam em
fezes humanas ou esterco de animais e logo a seguir entram em contato com o
alimento humano.
O mosquitinho nosso de cada dia...
Divisão de Vigilância Ambiental alerta que acúmulo de restos de comida e fezes pode desencadear proliferação de moscas e insetos na cidade.
Em geral, há uma relação proporcional direta de
causa e consequência entre restos de materiais orgânicos e dejetos e a presença
de mosquitinhos e moscas. Neste universo, o ‘descuido’ com os “montinhos” de
fezes de seu adorável animal no quintal e a presença da “nuvem” de mosquitinhos
sobre frutas em estado adiantado de amadurecimento (ou podres), além de restos
de alimentos, atraem incondicionalmente moscas e insetos, como o mosquito
palha, este último transmissor da leishmaniose.
Por esta razão, quem tem este “cenário” em casa, não precisa de mais nenhuma explicação para a incômoda visitação dos mosquitinhos com tamanho equivalente à cabeça de um alfinete. E quem os conhece sabe que, em “bando” ou não, eles infernizam.
Agora Macapá, com a chegada das chuvas e a
temperatura alta, essas transmissoras de doenças resolveram se “abrigar” dentro
das residências. Grande parte da população já não sabe mais o que fazer para
evitar as visitas indesejáveis das moscas, que se espalham rapidamente como uma
“Praga do Egito” (Enquanto enxames de moscões invadiam os lares dos egípcios)
diversos tipos de veneno para controle das moscas estão sendo utilizados de
forma doméstica, mas não consegue resolver o problema, devido à grande
quantidade dos insetos que aparecem cada vez em maior número.
Mas se você está considerando que o inverno vai
tirar esses “bichinhos” de sua casa, enganam-se, eles se reproduzem na água,
nela põem ovos e por lá larvas e pupas se desenvolvem.
Nos períodos chuvosos a multiplicação é ainda
maior, ainda que o ser humano, novamente, contribua com fartura para o
aparecimento de epidemias por manter uma série de locais com acúmulo de água
durante o ano todo: caixas d’água, ralos e piscinas não cuidadas. Com as
chuvas, a ausência de manutenção em calhas e a não eliminação de pneus, latas e
vasos com água limpa gera criadouros “naturais” de mosquitos.
Segundo a Divisão de Vigilância Ambiental as pragas mais comuns na cidade são de roedores, baratas, mosquitos, escorpiões e mosquitos. No último caso, notadamente o mosquito transmissor da dengue é o que tem causado mais preocupação na população (Aedes aegypti), em razão dos efeitos da doença, inclusive com óbitos.
Com certeza os fatores determinantes na disseminação e incremento de índices de infestação das pragas são a falta de higiene, por comportamento inadequado da população na manipulação de alimentos e pela cultura do descarte irregular do lixo, doméstico ou não.
O
ser humano é o mais “sujão”
Falta de higiene humana é, por outro lado, fator
desagregador de qualquer política pública de saúde, explicam os especialistas
consultados. Isso porque o poder público, a despeito de suas deficiências no
combate e na resolutividade e aplicação de ações preventivas e educacionais,
não consegue reverter o quadro em razão da manutenção em escala da origem do
problema: a falta de higiene e limpeza por parte das pessoas.
Mosca doméstica busca resíduos orgânicos em
decomposição
Às moscas, “quando adultas e fecundadas, as fêmeas procuram resíduos orgânicos em decomposição (esterco, cadáveres, lixo orgânico, etc.) para a realização da postura. Elas são geralmente ovíparas (depositam ovos) ou vivíparas (depositam larvas)”, informam.
Os técnicos acrescentam que ao pousarem em materiais contaminados, elas podem ingerir e/ou reter (nas patas, nos pelos, etc.) germes patogênicos e ovos de parasitos.
Assim, sua ação como vetor mecânico de doenças e/ou na contaminação de alimentos e utensílios domésticos pode ocorrer através do contato de seu corpo piloso ou ainda pela regurgitação e, por suas fezes.
As mosquinhas de banheiro (também conhecidas como mosca dos filtros ou mosca dos ralos) são mais próximas dos mosquitos do que das moscas propriamente ditas e pertencem a família Psychodidae.
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