sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

ESPECIAL SEGUNDO CADERNO









Dengue, Chikungunya, Zika e Malária.
Exercito Brasileiro na guerra contra o Aedes aegypti no Amapá.

Reinaldo Coelho
Da Reportagem

O Exército Brasileiro anunciou na terça-feira (2) uma ação de combate ao mosquito Aedes aegypti no Amapá. O trabalho será dividido em quatro fases, incluindo orientações à população de todos os municípios do estado.
A ação percorrerá campos em busca de possíveis focos do mosquito transmissor da dengue, febre amarela urbana, febre zika e chikungunya.

"É uma grande operação do Exército, empregando as forças armadas no combate ao Aedes", falou o tenente coronel do Exército Robson Mattos.

A primeira fase é voltada para as áreas de combate do Exército e preparação do efetivo. Os militares recebem instruções de técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) de Macapá para saber como proceder no trabalho de campo.

Para a segunda fase foi programado o Dia do Esclarecimento, no sábado (13). "Todos os militares vão para as ruas, para esclarecer à sociedade amapaense sobre a severidade da situação", diz Mattos.

Na terceira fase será feito o trabalho de campo. Os militares serão distribuídos em todos os municípios do estado, acompanhados de agentes de endemias. Eles farão visitas aos locais que possam ter foco do mosquito.
De acordo com o tenente coronel Mattos, 710 militares vão trabalhar na ação, divididos de acordo com a demanda apresentada por cada cidade.

"Cada município, que tiver demanda, tem que mandar um documento ao governo estadual, solicitando o apoio. É o governo estadual que pede apoio ao Exército e  apoio à Sala Nacional de Coordenação e Controle, localizada em Brasília", esclarece.
A última fase da ação será desenvolvida em escolas e faculdades do estado. O objetivo do Exército é instruir o máximo de pessoas, que possam, também, atuar como agentes de combate ao mosquito.





ZIKA VÍRUS E A MICROCEFALIA
O que se sabe e o que falta saber

 

O Brasil está enfrentando uma epidemia de zika, doença "prima da dengue", desde o segundo semestre de 2015.

No final do ano passado, foi confirmada pelo Ministério da Saúde a relação entre o vírus zika e a microcefalia, uma má-formação do cérebro de bebês.
A doença, também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, provoca sintomas parecidos, porém mais brandos do que os da dengue: febre, dor de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas.
A região Nordeste é a mais afetada pelo surto de microcefalia – no Brasil ao todo estão sendo investigados 3.448 casos suspeitos da doença. Outros 270 casos de microcefalia foram confirmados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira, e 462 foram descartados.
O avanço do zika e os casos de microcefalia pegaram o país de surpresa e suscitaram várias dúvidas.

Veja abaixo as respostas a algumas dessas questões.

 

Qual a relação entre o zika e a microcefalia?


A partir de exames realizados em um bebê nascido no Ceará, e que acabou morrendo com microcefalia e outras malformações congênitas, identificou-se a presença do vírus.A confirmação foi possível a partir da descoberta, pelo Instituto Evandro Chagas, da presença do vírus em amostras de sangue e tecidos da recém-nascida, que morreu.
A confirmação da relação entre o vírus e a microcefalia é inédita na pesquisa científica mundial.A microcefalia é uma má-formação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Ela pode ter diferentes origens, como substâncias químicas, radiação e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias e vírus.
Segundo o governo, na epidemia atual, os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal (ou seja, igual ou inferior a 32 cm), que habitualmente é superior a 33 cm.

 

O que ainda não sabemos sobre a ligação entre o zika e a má-formação fetal?

O Ministério da Saúde deixou claro, no entanto, que ainda há muitas questões a serem respondidas. Uma delas é como ocorre exatamente a atuação do zika no organismo humano e a infecção do feto.
Uma pesquisa do Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) e da PUC-PR confirmou que o vírus da zika consegue atravessar a placenta durante a gestação.
Mas também não se sabe ao certo qual o período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial do governo, o risco está associado aos primeiros quatro meses de gravidez.

 

O que é o zika?

É um arbovírus (do gênero flavivírus), ou seja, costuma ser transmitido por um artrópode, que pode ser um carrapato, mas normalmente é um tipo de mosquito.O zika é transmitido por um mosquito do gênero Aedes, como o Aedes aegypti, que também transmite a dengue e a febre chikungunya.Além disso, ele também está relacionado com a febre amarela, a febre do Nilo e a encefalite japonesa.

Se uma pessoa contrai zika, ela fica imune?




De acordo com o Ministério da Saúde, isso ainda está sendo investigado. O ministro da pasta, Marcelo Castro, chegou a dizer que era preciso "torcer para que as pessoas em período fértil peguem o zika antes", declaração que causou polêmica.
Segundo o ministério e especialistas ouvidos pela BBC Brasil, a princípio uma pessoa que já contraiu o vírus fica imune a novas infecções pela doença.
Porém, ainda não se sabe se o zika pode ter mais de um subtipo, como a dengue (que tem quatro, o que faz com que uma pessoa possa ser infectada várias vezes). Se o zika tiver mais de um subtipo, uma pessoa infectada no passado poderia contrair o vírus novamente.

 

Qual o tempo de incubação do vírus?

O tempo de incubação tende a oscilar entre 3 e 12 dias. Após esse período surgem os primeiros sintomas. No entanto, a infecção também pode ocorrer sem o surgimento de sintomas (leia mais abaixo).Segundo um estudo publicado na revista médica The New England Journal of Medicine, uma em cada quatro pessoas desenvolve os sintomas.
A maioria dos pacientes se recupera, sendo que a taxa de hospitalização costuma ser baixa.

 

E os sintomas?

O vírus provoca sintomas parecidos com os da dengue, contudo mais brandos: febre alta, dor de cabeça e no corpo, manchas avermelhadas, dores musculares e nas articulações. Também pode causar inflamações nos pés e nas mãos, conjuntivite e edemas nos membros inferiores. Os sintomas costumam durar entre 4 e 7 dias.
Há outros sintomas menos frequentes, como vômitos, diarreia, dor abdominal e falta de apetite.
No entanto, é bom lembrar que cerca de 80% dos casos são assintomáticos, ou seja, a pessoa não percebe que está doente, segundo a OMS.
Análises recentes no Brasil indicam que o zika pode contribuir para agravamento de quadros clínicos e levar à morte.

 

Qual o tratamento para o zika?

Não há uma vacina nem um tratamento específico para o zika vírus, apenas medidas para aliviar os sintomas, como descansar e tomar remédios como paracetamol para controlar a febre. O uso de aspirina não é recomendado por causa do risco de sangramento.
Também se aconselha beber muito líquido para amenizar os sintomas.

 

Há prevenção?

Como a transmissão ocorre pela picada do mosquito, recomenda-se o uso de mosquiteiros com inseticidas, além da instalação de telas.
Também são indicados repelentes com um composto chamado Icaridina e roupas que cubram braços e pernas, para reduzir as chances de se levar uma picada.

 

O que o governo está fazendo para lidar com a epidemia de zika e a microcefalia?

O Ministério da Saúde fez um apelo para uma mobilização nacional no combate ao mosquito Aedes aegypti.
O governo também anunciou que, no dia 13 de fevereiro, cerca de 220 mil homens das Forças Armadas irão às ruas orientar moradores sobre a prevenção ao Aedes aegypt. E prometeu fornecer repelentes para 400 mil grávidas beneficiárias do ‘Bolsa Família’.
O ministério também afirma que distribuirá 500 mil testes para realizar o diagnóstico do vírus.
Também recomenda que grávidas usem roupas de manga comprida, calças e repelentes apropriados para gestantes.
É importante que as gestantes mantenham o acompanhamento e as consultas de pré-natal, com a realização de todos os exames recomendados pelo médico.
A Presidência também determinou a convocação do chamado Grupo Estratégico Interministerial de Emergência em saúde Pública de Importância Nacional e Internacional (GEI-ESPII), que envolve 19 órgãos e entidades, para a formulação de plano nacional do combate ao mosquito.

Fontes: Ministério da Saúde, Organização Panamericana de Saúde, Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), Biblioteca Nacional de Medicina e Institutos de Saúde dos Estados Unidos e WebMD.


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