quinta-feira, 26 de novembro de 2015

MATÉRIA DE CAPA









MARÍLIA DEBATE SOLUÇÃO PARA UDE




Reinaldo Coelho
Da Editoria

A situação dos quase três mil trabalhadores da Unidade Descentralizada de Execução (UDE) foi analisada em audiência pública, na última sexta-feira (27) realizada na Assembleia Legislativa do Amapá, proposta pela deputada Marília Góes (PDT).  A UDE tem cerca de 3 mil trabalhadores e uma dívida ativa de R$ 167 milhões. São pendências com o pagamento de folha de pessoal, indenizações, férias, INSS, FGTS e outros benefícios. Hoje técnicos do governo estimam para regularizar tudo isso levará aproximadamente 10 anos. Os especialistas afirmam que a situação nesse nível em função de um Termo de Ajustamento de Conduta assinado pelo governo passado e o Ministério Público do Trabalho que acabou prejudicando esses trabalhadores.
Diante da dificuldade por qual passam esses trabalhadores a deputada Marília Góes entrou com um  requerimento solicitando uma Audiência Pública. O documento foi aprovado por unanimidade.



O objetivo do evento é encontrar uma solução para o caso UDE que venha favorecer os homens e mulheres que atuam como merendeiras e serventes na rede estadual de ensino.
No requerimento a parlamentar faz uma explanação sobre a atual situação dos trabalhadores da UDE, vinculados a Secretaria de Educação. De acordo com a deputada, o problema começou a partir da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), nº 31/2013, em abril de 2013, pelo Estado e pelo Ministério Público do Trabalho (MPTb), que estabelece demissão em massa dos trabalhadores.
Ressalte-se que no momento em que o TAC foi assinado pelo então governador socialista, a deputada Marilia Góes foi quem buscou mobilizar os demais parlamentares na tentativa de sensibilizar o então governador de que tal iniciativa prejudicaria em cadeia os profissionais demitidos e os profissionais que ficariam, bem como toda a comunidade escolar estadual, que hoje também padece com a falta do trabalho prestado estes profissionais.

Resultados alcançados

Ao final da audiência pública os trabalhadores dos Caixas Escolares e das Unidades Descentralizadas de Execução da Educação (UDEs) deixaram as galerias da Assembleia Legislativa com a esperança de que o Governo do Estado pode, junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), encontrar uma solução para o fim desse impasse.

Os trabalhadores acreditam na renegociação do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em abril de 2013, pelo então governador Camilo Capiberibe (PSB) e o MPT que prevê o desligamento de todos esses funcionários, a partir de janeiro de 2016. Das cinco propostas aprovadas na audiência pública, a que mais agradou foi à criação do quadro em extinção, que garante a permanência dos funcionários até a aposentadoria e o Estado fica impedido de fazer novas contratações.

“Levando em consideração que temos mais de 20 anos de trabalho e muitos dos funcionários já passam dos 50 anos de idade, acreditamos que o ideal para nós será a criação do quadro em extinção, além de proporcionar ao próprio governo condições para que possa planejar e fazer o levantamento das dívidas que há e como poderá quitá-la com a categoria, por conta dos atrasos e que estouraram nas mãos do atual governador”, sustenta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Celetistas do Amapá, Antônio Carlos Barros Vasconcelos.

Sensação de dever cumprido

Ao final da audiência, trabalhadores e a deputada Marília Góes demonstravam satisfação com os resultados alcançados. Para a parlamentar, a participação de todos os envolvidos no processo, com exceção do MPT, permite a todos acreditar numa reviravolta no processo.

Direitos garantidos pela Constituição


O Promotor de Justiça Pedro Leite destacou a Constituição. Segundo ele, Educação, Saúde e trabalho são direitos fundamentais e devem ser garantidos. A declaração do promotor reforça a necessidade de renegociar os termos do TAC onde os direitos trabalhistas dos funcionários dos Caixas Escolares e das UDEs sejam garantidos.

Justiça cautelosa.

O juiz substituto da 5ª Vara da Justiça do Trabalho, Marcelo Soares Viégas, adotou a cautela, mas sustentou a possibilidade do Estado e MPT sentarem em busca de um novo acordo onde os direitos trabalhistas sejam priorizados.

“Eu acredito que é possível governo e Ministério Público do Trabalho sentarem e encontrarem uma saída para o impasse criado por conta do TAC; que é a única decisão que temos em mãos, mas eu acredito que o MPT está de portas abertas para o diálogo, assim como Justiça e é possível sim darmos um passo à diante a favor do trabalhador”, disse o juiz.

O representante da Procuradoria Geral do Estado, Raul Silva Júnior, assegura que as propostas defendidas pelos trabalhadores irão contribuir para a elaboração de um cronograma de negociação entre o governo e o MPT.

A importância dos quase três mil funcionários é sustentada pela secretária estadual de Educação, Conceição Medeiros. Segundo ela, eles são responsáveis pela permanência de quase 150 mil alunos nas escolas públicas de todo o Estado. “Sem eles não temos como manter as atividades escolares, nesta sexta, por exemplo, as escolas estão paradas já que os funcionários acompanham a audiência pública a espera de solução”, resumiu.

As palavras dos participantes ajudaram até a acalmar o clima entre as centenas de funcionários que foram até a Assembleia Legislativa para participarem da audiência pública. Com o número limitado nas galerias, alguns ficaram do lado de fora. Para garantir a participação de todos, foi disponibilizado pela equipe da deputada um trio elétrico e até caixas de som para que todos acompanhassem o debate que acontecia no plenário.

“A audiência pública teve um resultado espetacular, primeiro, pela participação em massa dos trabalhadores envolvidos, como a Justiça Federal, Procuradoria Geral do Estado, Secretaria de Educação, a exceção foi o Ministério Público do Trabalho, que justificou a ausência, mas isso não impediu de buscarmos a solução dos problemas, ao contrário, fizemos os encaminhamentos e iremos apresentar ao Estado e ao MPT e acredito que poderemos obter um resultado positivo e quem sabe garantir os seus empregos”, destacou Marilia Góes.

Quanto à criação do quadro em extinção, a deputado diz que a proposta é com base no modelo usado pelo Governo Federal no Caixa Saúde. “Não iremos afirmar sobre a criação, mas nós podemos sugerir vendo as possibilidades para garantirmos a manutenção dos empregos desses trabalhadores; o que nós queremos mesmo é encontrar um meio para resolvermos o problema, o importante e garantir aos funcionários todos os seus direitos”. A deputada ressaltou ainda que esta foi a primeira vez que sindicato e trabalhadores falaram sobre a real situação.

Foi aprovada, também, a criação de uma comissão para acompanhar os próximos passos, após a realização da audiência pública. Como a Procuradoria Geral do Estado vai discutir com o Ministério Público do Trabalho os encaminhamentos aprovados, por todos, no evento.

A comissão também terá o papel de ajudar o Estado a não perder os prazos. O vereador João Henrique Pimentel (PDT), que representou a Câmara de Vereadores na audiência pública, reforçou a necessidade de se agir rapidamente. “É necessário trabalhar com certa rapidez por conta de recessos, período eleitoral, ainda que não exista o fator política, mas é preciso agilizar os encaminhamentos para obtermos os prazos necessários”.










CARTA ABERTA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA UDE - DESAFIOS E LEGALIDADE NA GARANTIA DE DIREITO


A Carta Aberta, lida minutos antes do encerramento, foi assinada por todos os participantes e será entregue ao Governo do Estado e ao Ministério Público do Trabalho. O documento trás as principais propostas aprovadas na audiência pública.



No dia 27 de novembro de 2015, no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, reuniram-se os trabalhadores das Unidades Descentralizadas de Execução e Caixas Escolares, representante de Assembleia Legislativa Deputada Marilia Góes, presidindo a mesa do debate, como também a representante do Estado do Amapá, Secretária de Educação do Estado, Sra. Conceição Medeiros, a participação do magistrado, Juiz da 5ª Vara do Trabalho, Dr. Marcelo Soares Viegas, representando o Ministério Público do Trabalho do Estado, o Promotor da Educação, Dr. Pedro Leite, representando a Procuradoria Geral do Estado, Dr. Raul Silva, como representante da Defensoria Pública do Amapá, Dr. Ronaldo Borges e para representar a OAB/AP esteve presente a Doutora Eliane Dias, representando a Câmara Municipal de Macapá, o Vereador João Henrique e o representante dos trabalhadores Senhor Antônio Vasconcelos Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Celetistas da Educação do Amapá, que depois de discorrerem sobre o tema, histórico, conjuntura atual, problemáticas, em um amplo debate, foram apresentadas algumas sugestões de encaminhamentos que aprovadas por todos os presentes seguem nesta carta para as providencias cabíveis, conforme segue:

1 - Montar comissão para tratar sobre a UDE, com representantes das seguintes secretarias: Educação, Fazenda e Planejamento, Assembleia Legislativa, Procuradoria Geral do Estado, dos Trabalhadores e Câmara Municipal de Macapá.

2 - Tratar, junto ao MPT e Judiciário Trabalhista, dilação de prazo, para que o Estado possa buscar soluções para não ocorrer à demissão em massa dos trabalhadores.

3 - Que o Governo do Estado do Amapá, busque novo momento de negociação com o Ministério Público do Trabalho – MPT, na perspectiva de apresentar plano de médio prazo das contratações pelos Caixas Escolares e UDE, considerando que podemos formar uma estabilidade temporária e que nenhum trabalhador foi ou será contratado no ano de 2015 e seguintes, considerando que os trabalhadores pudessem ser desligados de acordo com as suas aposentadorias, conforme feitos nos caixas saúde.

4 - Abertura de processo licitatório para a contratação de empresa privada para a realização dos serviços executados pela referida categoria, para que estes sejam no máximo absorvidos para os referidos postos de trabalho.

5 - Realização de concurso público.

Após discutidas e aprovadas as referidas propostas, foi também deliberado por essa Audiência Pública, que as mesmas componham carta aberta a ser enviada para todos os atores dos órgãos responsáveis, em especial para o Ministério Público do Trabalho, para a retomada da negociação a fim de que sejam consideradas as propostas aqui apresentadas.

Macapá - AP, 27 de novembro de 2015.













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