sexta-feira, 2 de outubro de 2015

CIDADES





Ciclomobilidade de Macapá
Mobilização dos macapaenses pelo uso da ‘magrela’



82% dos brasileiros gostariam de trocar carro por bicicleta tanto para trabalhar quanto para o lazer, diz pesquisa nacional.





Reinaldo Coelho

Todos já devem ter percebido que, nos últimos anos, a bicicleta tem recebido espaço nos noticiários no Brasil e no mundo. A discussão em torno dos principais problemas urbanos (poluição, mortes de trânsito, engarrafamento, estresse…) tem trazido cada vez mais a bicicleta como alternativa, tanto que inúmeros grupos tem surgido para tentar demonstrar a sua viabilidade no nosso cotidiano.

Como toda grande transformação que surge primeiro no plano das ideias, esta é uma mudança que levará tempo para se instalar, principalmente que toda sua aplicação é dependente do poder público e mudança de hábito da sociedade, nesse caso os motoristas. Mas é interessante notar como aos poucos ela vai passando a ser incorporada nas mais diversas áreas da atividade humana.

Mesmo que se torne quase impossível manter a harmonia entre os 64 milhões de veículos motorizados que circulam pelo Brasil. Pensando nisso o parlamento brasileiro aprovou a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) do governo federal, Lei 12.587/12, que pretende estimular transporte coletivo público nas cidades e desestimular a corrida pelo uso do automóvel individual.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a falta de políticas públicas para transporte de massa e mobilidade urbana, aliada a passagens cada vez mais caras, provocou uma queda de cerca de 30% na utilização do transporte público no Brasil nos últimos dez anos. Em algumas cidades, dependendo do trajeto, sai mais barato usar moto ou carro do que o ônibus, metrô ou trem. Sem falar nos casos em que há ausência total de transporte público.

A nova legislação, em vigor desde 2012, contrariando os incentivos tributários dados pelo governo federal para a aquisição de carros e motocicletas, passou a estabelecer como prioridade para as cidades o transporte coletivo, público e não motorizado, em vez do individual, particular e motorizado.

Para isso, prevê mecanismos para garantir preços acessíveis no transporte coletivo, vias exclusivas para ônibus e bicicletas, restrição de circulação de veículos privados em determinados horários e cobrança de tarifa para utilização de infraestrutura urbana, como estacionamentos públicos. 

Foi com base na legislação que um veículo não motorizado passou a reclamar seu espaço: a bicicleta. Limpo e renovável por natureza, já que é a propulsão humana e não a combustão, as chamadas bikes ganham cada vez mais importância como alternativa verde de transporte, o que promove também saúde, esporte e lazer.

E uma nova nomenclatura passou a vigorar a Ciclomobilidade e com elas os problemas a disputa pelo espaço entre os automotores, ciclistas e pedestres.

E se faz necessária uma infraestrutura adequada (ciclovias, ciclofaixas, entre outras), bem como medidas de educação e fiscalização em relação ao uso e ao respeito a esses espaços. Igualmente importante seria priorizar – em planejamentos e ações – o transporte coletivo.

Porém o legislador teve essa visão e definiu como obrigatório que municípios com mais de 20 mil habitantes devem elaborar o Plano de Mobilidade Urbana em até três anos, de forma integrada ao plano diretor previsto pelo Estatuto da Cidade. Até então, apenas municípios com mais de 500 mil habitantes tinham essa obrigação.

Macapá tem mais...

Dados da Prefeitura de Macapá e do IBGE mostram que Macapá tem 0,39% de ciclovias e ciclofaixas em sua malha viária. Macapá, em seu Plano Diretor, já tinha se adiantado quando a determinação da lei federal. No Artigo 18, inciso V, é determinante (...) V – Estimula os meios de transportes menos poluentes, como as bicicletas;


E logo no Artigo 19, inciso IV, estabelece a implantação de ciclo faixas e ciclovias. De acordo com o Arquiteto Otávio Augusto em um artigo publicado numa revista de circulação nacional, a BICICLETA, ressalta que nestes 11 anos de funcionamento do Plano Diretor de Macapá, os gestores o tivessem cumprido ... teríamos hoje uma extensa malha ciclo-viária...

Mas somente em 2012 começou na gestão do então Prefeito Roberto Góes (PDT) começou a implantação de um cinturão de ciclovias que vai ligar à zona norte a zona sul de capital. A ciclovia começa na Rua Claudomiro de Moraes, seguindo pela Avenida Pedro Lazarino, Rua Hamilton Silva, Avenida Antônio Coelho de Carvalho, Rua Cândido Mendes, e Avenida Beira Rio até a rodovia Jucelino Kubistcheck, no sentido sul.

Já no sentido norte o trajeto será o mesmo até a Rua Hamilton Silva, dobrando na Avenida José Tubinambá, passando pela Rua José Serafim e Avenida São Paulo até a ponte Sérgio Arruda.
As ciclofaixas da Avenida Feliciano Coelho tem 70 cm de largura


A continuidade se dá na Rodovia Tancredo Neves a partir de ponte Sérgio Arruda até a BR 210, localizada no canteiro central. Porém, pelo descaso dos atuais gestores municipais, principalmente da CTMac, as faixas estão abandonadas e os motoristas a utilizam como estacionamentos.

Sinalização

Os macapaenses estão entre os quem usam bicicleta como transporte cotidiano, ou como forma de praticar exercício físico ou mesmo competir, porém, sofrem com a falta de espaços próprios e adequados e devidamente sinalizados.
A falta de sinalização na JK, na Rodovia do Curiaú e na Duca Serra é notória e o caso da Duca Serra, é pior no horário noturno, pois ainda há a escuridão.

Os profissionais do pedal também sofrem com essa falta de espaço. Para a disputa de provas oficiais, a rodovia AP-070 já foi adotada como circuito. Os atletas dividiam espaço com os carros e motos que se deslocam para o interior. Hoje é utilizado a Norte/Sul, que ainda não possui grande fluxo de tráfego. Eles ainda, felizmente, não sofreram acidentes de trânsito durante as competições.
Jair Borge e Mauricio Guedes da Equipe da Trilha

Mas os que a usaram para ciclo-caminhadas tiveram acidentes graves e mortais. Foi o caso do empresário Roberto de Souza Fernandes, de 50 anos, o Bob como Roberto era conhecido pelos amigos, morreu na manhã de domingo (3/08/14) ao ser atropelado quando tentava ajudar uma amiga que estava com o pneu da bicicleta furado, na rodovia JK, nas proximidades do Distrito de Fazendinha, a 9 quilômetros de Macapá. Eles faziam parte de um grupo de seis ciclistas acostumados a fazer trilhas nos fins de semana.

Protestos

Não raro, ciclistas amadores e profissionais se reúnem para reivindicar melhorias e espaços adequados para o ciclismo em Macapá. Nos atos, a proposta é chamar a atenção para o alto índice de violência, protestar contra o grande número de acidentes de trânsito, reivindicar respeito aos ciclistas, além de celebrar o pedal como esporte.

Grupos Educadores

Diversos amigos resolveram criar um grupo denominado 'Equipe de Trilha', para chamar a atenção da sociedade sobre a realidade do ciclista em Macapá. De acordo com o criador e coordenador da equipe, Hélio Araújo, a ideia surgiu em 2010, a partir da necessidade de haver espaço destinado aos adeptos da atividade física.

Outro participante do movimento Mauricio Guedes, falou a reportagem que aqui em Macapá, algumas iniciativas podem ser adotadas e assim, fazer a diferença na vida das pessoas que incentivam o uso da bicicleta pela população.
 
Grupo Urbe Bike
Tal afirmação se faz pertinente pelo fato de Macapá agregar características geográficas que são amplamente positivas, a exemplo o fato de ser majoritariamente plana, no entanto no âmbito estrutural a situação é precária,e explica porque. “As ciclofaixas estão ocupadas de forma inadequada ou edificadas com falhas, as   existentes estão em situação calamitosa, feitas com material inadequado (tinta), em muitos trechos apresentam ondulações e sujeiras, não há fiscalização e consequente não punição das infrações cometidas por motoristas, pouca sinalização, enfim inúmeros problemas”.

É correto afirmar que o principal risco para quem pedala nas ruas das grandes cidades, dentro ou fora das ciclovias e ciclofaixas, é mesmo a falta de consideração dos motoristas.

Atentos a essas situações os grupos de ciclistas se organizaram e instituíram um comitê denominado de  Comitê de Segurança e Ciclomobilidade que visa atuar na cobrança, orientação, elaboração de projetos e na realização de ações voltadas a chamar a atenção do poder público e da sociedade civil quanto as problemáticas que circundam todas as questões supra citadas.


 Grupos que organizam os pedais diários em Macapá e Santana.
•         Urbe Bikers
•         Equipe de Trilha
•         Equipe Tumucumaque
•         Pedaleiros do Amanhecer

•         Pedal Leve Ciclo Tour (Município de Santana)

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