quinta-feira, 30 de julho de 2015

CULTURA



40 ANOS DO GRUPO PILÃO
Valorizando a cultura local e popular em todas as suas manifestações


Bi Trindade, Fernando Canto, Orivaldo Azevedo, Marilene Azevedo,
 Juvenal Canto, Leonardo Trindade e Eduardo Canto,

Passados quarenta anos, o Grupo Pilão está na estrada com a mesma determinação. Claro, as dificuldades são muitas, mas como disse uma vez a nossa querida Elba Ramalho, "o artista está sempre começando". Cada dia na vida do artista é um recomeço.


Reinaldo Coelho
Da Editoria


Anos 70, década da efervescência cultural. Foi nesta época que o Grupo Pilão saía de um sonho pelos microfones da Rádio Difusora, há quatro décadas, no III Festival da Canção do Amapá, em 1975. Foram apresentados ao Amapá e ao Brasil, na mesma época que os brasileiros acabavam de conhecer Geraldo Azevedo, Alceu Valença e o Quinteto Violado.
No referido festival foi apresentada a música “Geofobia” (de Fernando Canto e Jorge Monteiro) que tinha um Pilão como instrumento musical, tocado para marcar o ritmo. Nessa época o jovem grupo era formado por Fernando Canto, Bi Trindade e Juvenal Canto todos oriundos dos movimentos católicos de juventude.



 O grupo nasceu gerando polêmica, a música apresentada e defendida por eles no festival foi a canção preferida do público, porém ela foi ignorada pelo júri do Festival e desqualificada gerando forte matéria jornalística sob o título “Festival terminou com vaias ao júri caduco e alienado” (Jornal do Povo, Ano I, nº 82, de 27.09.75).
O Grupo Pilão já realizou inúmeros shows, gravou três discos e divulgou a cultura amapaense no Brasil e no exterior. Hoje, poucos se lembram das músicas ganhadoras do histórico III FAC, no entanto “Geofobia”, que compõe o CD “Na Maré dos Tempos” de 1996, faz parte do imaginário musical amapaense.
A maioria das músicas gravadas pelo Grupo é de autoria de Fernando Canto. Outros compositores como o falecido Bi Trindade, Eduardo Canto, Sílvio Leopoldo e Manoel Cordeiro têm músicas gravadas nos três CDs que compõem a discografia do Grupo.
De acordo com os membros atuais do grupo, muitos músicos passaram por ali. Eles afirmam que tem uma história e dela se orgulham. “Resistimos ao tempo e suas adversidades. Não nos deixamos levar por modismos ou consumismos, respeitando com fidelidade o nosso público. Fomos verdadeiros em tudo”.
A estruturação do Grupo Pilão começou a acontecer em 1980 quando realizou projetos culturais nas escolas da capital e do interior, além de shows eventuais de divulgação das suas músicas.
 Os membros atuais estão juntos desde aproximadamente 1995. É formado por Orivaldo Azevedo (percussão), Eduardo Canto (percussão), Bi Trindade (voz) recém-falecido, Juvenal Canto (voz e violão), Leonardo Trindade (violão) e Fernando Canto (cavaquinho e violão).

A valorização da cultura amapaense



A ideia do Grupo sempre foi a de valorização da cultura local e popular em todas as suas manifestações. Acreditamos que com a pesquisa musical séria e a sua divulgação podiam dar mais valor a identidade amapaense e amazônica, para fortalecê-la. Nesse contexto praticamente fizeram o mapeamento musical folclórico do Estado, promovendo as suas manifestações mais importantes e dando-lhes o (re) conhecimento e o retorno que merecem. “Muito ainda precisa ser feito, pois o cancioneiro popular do Amapá é vasto e entrelaçado, devido ao alto fluxo migratório que traz para cá pessoas e culturas diferentes”.
Tendo sobrevivido há quatro décadas lutando bravamente em prol da música do Amapá, sua base de componentes continua a mesma juntamente com as ideias de valorização de nossas coisas, através da pesquisa e da preservação dos valores mais autênticos da cultura amapaense.

Amapá perde o músico Bi Andrade



O músico e professor de francês, Benedito Trindade Machado, (o Bi Trindade), morreu aos 62 anos (23/12/13). Bi, como era conhecido no meio musical e pelos amigos, era integrante do grupo Pilão, formado em 1975 no Amapá, e havia gravado um disco solo com músicas em francês. Ele já se preparava para lançar um novo trabalho solo.
Formado em letras pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Bi tinha especialização na França. Recentemente, o músico, que nasceu em Abaetetuba, no Pará, recebeu o título de Cidadão Macapaense, concedido pela Câmara Municipal de Macapá.
"O grupo Pilão perde um de seus mais importantes membros e a cultura do Estado do Amapá perde um de seus grandes nomes, além de um interlocutor da cultura brasileira com a cultura francesa", disse o sociólogo e músico Fernando Canto, um dos fundadores do Pilão.
Bi Trindade era casado e deixou quatro filhos e uma neta.

Adaptação do texto de André Mont'Alverne reproduzido do blog "Canto da Amazônia", de Fernando Canto.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...