Pioneirismo
In Memoriam *1948 +2012
Bezerra foi um dos mais conhecidos e respeitados
profissionais do Amapá. Além de jornalista, era cronista, tendo publicado no
jornal Diário do Amapá, algo em torno de 1.200 crônicas, conforme informava no perfil
de seu blog.
Jornalista
CARLOS BEZERRA (in memoriam)
Reinaldo Coelho
A
editoria de Pioneirismo amapaense tem alternado a divulgação das ‘histórias de
vida’ de personagens que aqui somaram para ajudar o desenvolvimento desse
torrão Tucuju. Esta semana renderemos uma homenagem a Carlos Emanoel de Azevedo
Bezerra, um homem simples, mas de elevada cultura, o jornalista Carlos Bezerra
foi dono de uma das canetas mais respeitadas do nosso Estado. Se vivo fosse
estaria completando 67 anos de idade, no auge da criatividade, mais
infelizmente teve que se ausentar do nosso convívio há três anos.
Bezerra
foi um dos mais conhecidos e respeitados profissionais do Amapá. Além de
jornalista, era cronista, tendo publicado no jornal Diário do Amapá, algo em
torno de 1.200 crônicas, conforme informava no perfil de seu blog.
Nasceu
em Portel – PA no dia 25 de julho de 1948. Era filho de Raquel Azevedo Bezerra
e Braz Bezerra da Silva. Carlos Bezerra aprendeu a ler desde os seus seis anos,
incentivado pela mãe. Viveu em Abaetetuba no Pará até aos onze anos.
Em
1960 chegou à Macapá. Começou a trabalhar desde os treze anos, fez de tudo um
pouco. Trabalhou em uma fábrica de cadeiras. Com 14 anos foi selecionado pela
prefeitura de Macapá para plantar grama no hospital geral e nos prédios
públicos localizados na Avenida FAB. Foi escoteiro, datilógrafo na Olaria do
Governo, era o mais rápido chegando a datilografar mais de 250 teclas por
minuto. Trabalhou como datilógrafo no escritório do Dr. Cícero Bordallo.
Aos
19 anos passou em primeiro lugar no concurso do Bando do Brasil para caixa
bancário. Foi vendedor viajante da empresa White Martins, em Belém do Pará, e
primeiro gerente da White Martins, em Macapá. Vendedor viajante da Sharp na
rota Macapá/Belém/ Maranhão. Como vendedor viajante adquiriu mais de 1000 (mil)
horas voo. Devido a grave instabilidade financeira, juntamente com o filho mais
velho vendeu doces e salgados para sustentar a família.
Carlos Bezerra em Macapá na época em que passou no Concurso do Banco do Brasil em primeiro lugar para caixa. 1968 |
Casamento do Casal Carlos Bezerra e Antonia Bezerra |
Descoberta do tesouro
literário
Em
1993, Luiz Bezerra, tomou conhecimento dos textos do irmão Carlos Bezerra e
percebeu a qualidade, em seguida o apresentou para o proprietário de um jornal
de circulação diária em solo Tucuju. Seu talento na arte de escrever era notório
e sua capacidade de produção era gigantesca. Inicialmente os artigos de Carlos
Bezerra eram publicados como colaborador do jornal, logo em seguida foi
contratado para trabalhar.
Os
artigos de Carlos Bezerra rapidamente começaram a fazer sucesso, caíram no
gosto dos leitores amapaenses. Tinha um estilo inconfundível de escrever. Seis
meses depois de começar a publicar os seus artigos no jornal, foi convidado
para fazer parte da bancada em um conhecido programa de rádio, na ‘102 FM’, no
horário das 7h às 9h da manhã, de segunda a sexta-feira. Obteve sucesso também
no programa de rádio, nascia a “QUESTÃO DE ORDEM, Carlos Bezerra carimba e
assina embaixo”. Participou do programa por mais de 10 anos.
Carlos Bezerra fazendo parte da bancada da Rádio 102 FM |
Variedade
jornalística
Carlos
Bezerra, além do jornal impresso, acrescentou também no rádio o seu
conhecimento, irreverência e talento com as palavras através da sua voz
marcante e inconfundível. No auge de sua carreira no jornal, Carlos Bezerra
escrevia suas crônicas na coluna “Questão de Ordem”, realizava entrevistas,
caderno de política, editoriais, além de fazer parte da bancada no programa de
rádio. No mesmo jornal através do pseudônimo “Emanoel Azevedo” fazia
diariamente a coluna “Caneta Afiada”, que era usada com a devida habilidade que
lhe era peculiar.
Homenagens em vida
Pelo
reconhecimento e relevantes serviços prestados Carlos Bezerra recebeu os
títulos de Cidadão Macapaense e Amapaense, outorgados pela Câmara de Vereadores
e Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, diplomas que ele tinha muito orgulho.
Trabalhou também da TV Macapá (Band) no programa Câmera Livre onde através de
seus comentários, conseguiu ajudar muitas pessoas, principalmente a população
mais carente. Em outro jornal impresso tinha a coluna “Campo Minado”, onde
também, através dos seus textos defendia os menos favorecidos.
Juntamente
com o filho mais velho, o publicitário Yuri Bezerra, publicou o livro NOSSA
HISTÓRIA – Empresas, Instituições e Personalidades, lançado no dia 29 de março
de 2012, no auditório do SEBRAE-AP.
Carlos Bezerra e Yuri Bezerra em 2011 |
No
dia 26 de dezembro de 2012 Carlos Bezerra foi para o plano espiritual. Carlos
Bezerra era um homem simples, mas de elevada cultura. Exemplar chefe de
família, viveu com a Senhora Antônia Bezerra durante 43 anos, 4 de namoro e 39
anos de casados. Teve quatro filhos, Yuri, Patrícia e Érika (filhos sanguíneos)
e um adotivo, Patrick.
No
trabalho, sua principal habilidade, a arte de escrever. Publicou mais de 4.000
textos entre crônicas, editoriais, caderno de política e entrevistas em vinte
anos de trabalho. Nem mesmo uma grave patologia hepática que tinha desde 1992
lhe impedia de sorrir e escrever, era um exemplo de superação. Quando a cirrose
foi diagnosticada sua estimativa de vida era de seis meses, Carlos Bezerra
estendeu sua vida por mais 20 anos graças a Deus, a sua determinação, apoio da
família, amigos e do médico e amigo que ele chamava de Doutor “São” Teles.
Conseguiu realizar o transplante de fígado em 20 de outubro de 2007 no Complexo
da Santa Casa de Misericórdia no hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre,
no Rio Grande do Sul, e viveu por mais quatro anos.
Homenagem póstuma
Para
homenagear Carlos Bezerra, o filho Yuri Bezerra criou em 2013, o 1º Concurso de
Redação Jornalista CARLOS BEZERRA e o Troféu Jornalista CARLOS BEZERRA onde a
premiação foi uma bolsa integral e mais quatro bolsas parciais somando mais de
R$ 150.000,00 em bolsas de estudos de ensino superior.
Por
tudo que Carlos Bezerra representou e contribuiu foi criado o troféu Jornalista
Carlos Bezerra, uma maneira honrada de homenagear todos que contribuem para o
exercício do hábito saudável da leitura e o crescimento através do
conhecimento.
Em um trecho de um
dos últimos textos publicados em seu blog, Carlos Bezerra escreveu:
“Tenho saudades de mim. Mas sei que o que
foi, nunca mais será. A tragédia é essa. Ao contrário do que acreditamos, nada
é nosso, nada nos pertence. Tudo é apenas um empréstimo que nos foi concedido
pelo tempo, esse velho usurário que cobra com juros extorsivos a juventude
perdida. O preço é alto. É o cansaço, a
pele enrugada, músculos flácidos e uma enorme vontade de partir para a terra do
nada. Lá, inconsciente do existir, não pensarei, não sentirei, nada serei.
Talvez quem sabe, se tiver sorte, quando eu for apenas pó, um vendaval pode
soprar o que restou de mim para as estrelas. Lá, bilhões de anos depois,
poderei ser parte da luz que não faz sombras. Quem sabe nesse dia, poderei
conhecer esse tesouro que muitos buscam e poucos encontram: a felicidade de
apenas existir sem sentir essa dor maldita que há tanto tempo faz parte de mim”.
A viúva Antônia Maria e o filho Yuri Bezerra |
(Texto e informações de Yuri Bezerra)
Nenhum comentário:
Postar um comentário