sexta-feira, 22 de maio de 2015

ARTIGO DO TOSTES



Os vilões do Brasil

Muito se questiona os gestores sobre a falta de projetos alternativos para melhorar as cidades, concretamente os prefeitos tem se limitado a executar projetos habitacionais, que são importantes, porém é muito pouco quando se trata das capitais, onde se concentra maior parte da população brasileira. Este fato representa apenas a falta de recursos ou a completa ineficácia em relação à visão empreendedora para o ambiente urbana? Na realidade é um misto das duas coisas, mas deve-se evidenciar que um dos maiores entrave de gestão atualmente no Brasil está relacionado ao comprometimento político da máquina estatal.

O comprometimento passa pela falta de autonomia do gestor, engrenagens obsoletas e arcaicas, compromissos políticos com os resquícios de campanha, são incontáveis as razões pelos quais as prefeituras não são somente pobres, são paupérrimas quando o assunto é o gasto e aplicação dos recursos públicos, vive-se uma ciranda que não tem fim, espalha-se pela sociedade brasileira o sentimento de descrença com os governantes, motivos não sobram, todavia deve-se ressaltar que a questão empreendedora para área urbana, e algo lamentável.

Em períodos de crise, a única coisa que os governantes sabem fazer é aumentar impostos e prover todos os meios para arrecadar mais, algo que quando se mira o ambiente urbano não é compatível, pois facilmente percebem-se fragilidades imensas e problemas elementares ganharem contornos de condição caótica. A sensação que passa é que o mercado informal cresce de forma assustadora, não é atoa, volume de encargos, impostos e outras taxas estão transformando o Brasil em um País inviável.

O que fazer diante de tamanho imbróglio? Em primeiro lugar, as instituições formadoras de mão de obra devem começar a repensar a maneira como jovens profissionais estão sendo colocados no mercado de trabalho, confunde-se pressa com qualidade, isso parece algo entranhado na cultura do Brasil, as consequências são desastrosas, cada vez mais ficam reduzidas as alternativas de profissionais com condições adequadas para atender a realidade. São muitos conflitos que entrelaçam diferentes interesses, outro dia conversando com uma médica que trabalha na prefeitura de uma grande cidade, afirmou que a recomendação para atender um paciente no Pronto Socorro deve ser no máximo de 07 minutos, não importa quais os sintomas o mesmo apresente caso claro, pois o único objetivo é puramente estatístico, de dizer que milhares foram atendidos em curto período, sem, no entanto, saber em que condição.

O que dizer dos arquitetos e urbanistas formados que aprendem minimamente a compreender a realidade da cidade e o seu entorno, quando chega ao poder público descobrem que o máximo que fazer é adequar os projetos dos programas Minha Casa Minha Vida e do PAC, convenhamos é um "choque" para quem ingressa no mercado de trabalho. O sentimento atual, também é de que a melhor forma de se dar bem é ser funcionário público, nem todo mundo poder ser funcionário não há condições para isso, o efeito deste contexto são governos e prefeituras "inchadas" com excesso de pessoal, os poucos recursos que sobram mal dá para pavimentar as cidades que carregam na sua paisagem as mazelas que os políticos se encarregaram de criar e consolidar.

E os projetos alternativos? Há de fato uma crise de ideias, ou de interesses? De novo, vou afirmar ambos, hoje em dia não se faz mais nada, o jogo de interesses é de ambas as partes, é um dos motivos pelos quais o Brasil está "enterrado" em uma crise, que não é somente econômica, é moral na essência. Trabalhar o alternativo requer mudar a visão, tudo é o governo ou a prefeitura que faz, a sociedade também tem que ser protagonista de sua própria história, não dá mais para esperar. Um dos itens importantes no processo de mudança social é a questão da Governança, sempre afirmei em artigos anteriores, os partidos tem um projeto para ganhar as eleições, mas não tem um projeto de governo, este fato fragiliza qualquer gestor.

O Brasil precisa trabalhar melhor a questão da Governança, historicamente temos a clara sensação que é muito complexo no País se trabalhar a divergência de pensamento, teria sido resquícios do processo de colonização ou da época vigente da Ditadura Militar, pode ser que sim ou não, o fato é que vamos convivendo diariamente com as noticias da mídia de escândalos sucessivos dos desvios de recursos e todos os tipos de maquinaria para beneficiar este ou aquele grupo, até mesmo para se mantiver no poder por anos.

Os projetos alternativos estão espalhados por diversas cidades pelo mundo afora, boas experiências, mas isso não dá IBOPE, noticia ruim é que dar satisfação plena, o desejo de vingança dá mais emoção, do que propriamente supostas noticias mais felizes. É uma cultura baseada nos sentimentos mais sórdidos do primitivismo do ser humano, mudar este comportamento não é tarefa fácil, mas é preciso dar os primeiros passos.

Sempre recorro a Literatura local, regional, nacional e internacional para conhecer boas experiências de projetos em favor da coletividade, poderia citar um bom número de propostas que deram certo, mas, uma coisa chama atenção de boa parte destas propostas, deram certo, porque houve a participação de todos, não deixaram de continuar, porque era deste ou daquele governo, continuaram, por conta, que foi a sociedade que elaborou, se tornou protagonista e não coadjuvante do processo.  É por isso que os projetos alternativos não vingam, o contexto atual se encarrega de fazer com que o sistema seja dependente. É o político que entrega latas de leite, é governo que dá milhares de bolsas sem gerar nenhum posto de trabalho, é o funcionário que recebe sem trabalhar, enfim, são milhares de razões que mostram, um Brasil se apodrecendo, não faltam vilões para contarem múltiplas histórias.  Cada um tem a sua história, e por certo, o Brasil está recheado de vilões em todos os lugares.

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