sábado, 2 de maio de 2015

Arquipélago do Bailique - Projeto para desenvolvimento tem parceria da EMBRAPA

Arquipélago do Bailique
Projeto para desenvolvimento tem parceria da EMBRAPA




Reinaldo Coelho

O Arquipélago do Bailique – Distrito de Macapá – é composto por oito ilhas (Bailique, Brigue, Curuá, Faustino, Franco, Igarapé do Meio, Marinheiro e Parazinho), onde residem cerca de sete mil habitantes distribuídos em pouco mais de 40 comunidades.

Distante 185 km de Macapá, além da beleza natural o Arquipélago do Bailique tinha um diferencial, eram dezenas de ribeirinhos em suas montarias, que os ajudava a se deslocarem de um lugar para o outro na comunidade, hoje a modernidade está aportando na localidade e dezenas de rabetas estão substituindo as tradicionais montarias que são remanescentes dos nativos indígenas.


Mais essa modernidade está chegando também na economia do arquipélago, através da EMBRAPA/Amapá. Uma equipe técnica da instituição de pesquisa contribuiu com a realização do Encontrão III – Projeto de Construção do Protocolo Comunitário do Bailique, evento promovido este ano pela Rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).

Protocolo Comunitário
O projeto do Protocolo Comunitário tem como objetivo apoiar as comunidades do Bailique nas ações de acesso às políticas públicas de desenvolvimento sustentável.

A equipe da EMBRAPA faz análise das demandas e do potencial de cooperação com o GTA e instituições parceiras que atuam no Bailique, para firmar parcerias técnico-científicas. Várias tecnologias de melhoria de produção agropecuária serão mapeadas pela EMBRAPA para serem incluídas nos treinamentos técnicos a serem realizados no Bailique, com destaque para manejo de camarão, técnicas de cultivo de peixes, manejo de regeneração do pau mulato, manejo de andirobeiras e cultivo de variedades de bananas resistentes a doenças.


Parcerias
O projeto de construção do Protocolo Comunitário do Bailique surgiu a partir da parceria entre o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Fundo Vale, que destinou R$ 5 milhões para ações de fortalecimento das organizações da sociedade civil do Amapá no período de 2014 a 2016.

A participação in loco da EMBRAPA, no Encontrão III, realizado no Bailique em fevereiro deste ano, deu continuidade à articulação entre os diretores do GTA e o chefe geral da Embrapa Amapá, Jorge Yared, quando foram apresentados detalhes do projeto Protocolo Comunitário do Bailique e os resultados alcançados até aquele momento, entre eles, a publicação da metodologia de construção do protocolo e um diagnóstico socioeconômico das 34 comunidades que participam do projeto.

Na oportunidade, o chefe geral da EMBRAPA/Amapá foi informado sobre a formação de um Conselho Gestor do Protocolo, com representantes dos quatro Polos representantes das comunidades.

Jorge Yared manifestou o interesse da EMBRAPA/Amapá em uma colaboração técnico-científica e ressaltou projetos de interesse das famílias do arquipélago, como o manejo de açaizais nativos, manejo de pescado e camarão, manejo de andiroba e domesticação do pau-mulato.

Açaizais
Com relação à produção dos açaizeiros do arquipélago, a contribuição da EMBRAPA/Amapá remete ao período de 2001 a 2003, quando o centro de pesquisas atuou com as comunidades do Bailique, por meio de um projeto coordenado pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SETEC), e parceria do RURAP e do IEPA, financiado pelo PROBEM, do Ministério do Meio Ambiente. "Por meio deste projeto fizemos diversas ações de transferência de tecnologias, especialmente de manejo de açaizais nativos (capacitação de manejo e estabelecimento de unidades demonstrativas), sistemas agroflorestais para recuperação de áreas alteradas com açaizeiros e fornecimento de sementes selecionadas de açaizeiros com características superiores quanto a produção de frutos e época da safra. Estes trabalhos beneficiaram diretamente cerca de 300 produtores no Bailique", recorda o pesquisador Silas Mochiutti.
Ele acrescenta que os resultados deste trabalho podem ser observados atualmente na economia do arquipélago. "O Bailique tornou-se um importante fornecedor de frutos de açaí para os mercados de Macapá e Belém, com um substancial aumento da renda daquela população ribeirinha. Quando iniciamos o trabalho lá, a produção era muito baixa, inclusive em algumas comunidades não havia produção nem para o abastecimento local em alguns períodos do ano (aí polpa de açaí de Macapá), devido a intensa exploração do palmito desta espécie", compara o pesquisador.

Produtores que utilizaram as sementes disponibilizadas pela EMBRAPA alcançam "excelente rendimento com sua produção, pois as plantas oriundas destas sementes têm produção na entressafra da produção local, obtendo preços justos pelo produto", ressaltou Silas Mochiutti.

O Encontrão III


O Projeto de construção do protocolo comunitário do Bailique reuniu cerca de 80 representantes, de 22 comunidades do Bailique, além de lideranças do Conselho Comunitário do Bailique e da Colônia de Pescadores do Bailique, técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Amapá (RURAP), da EMBRAPA, do Ministério do Meio Ambiente, da Companhia Nacional de Abastecimento, do Ministério Público Federal, da Rede das Associações das Escolas Famílias do Amapá (RAEFAP), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Fundo Vale, IEB e Forest Trends.

Durante o evento, o analista de transferência de tecnologia da EMBRAPA/Amapá, Gustavo Castro, fez uma apresentação sobre a atuação e estrutura da empresa de pesquisa com ênfase na missão no desenvolvimento do estuário amazônico.

Em seguida, a pesquisadora Ana Euler fez uma descrição das pesquisas e tecnologias do Núcleo de Manejo Florestal, com destaque para o manejo de açaizais nativos, o Projeto Florestam (pau mulato, andiroba, etnobotânica), REDD+Flota, mapeamento participativo de castanhais e secador solar, e reafirmou a disposição da EMBRAPA/Amapá no apoio técnico ao georreferenciamento do uso e ocupação do solo no arquipélago do Bailique.

A pesquisadora Jamile Araújo destacou as pesquisas e tecnologias do Núcleo de Aquicultura e Pesca, ressaltando o papel da Agência de Pesca do Estado do Amapá (PESCAP) no processo de transferência de tecnologias desta área para os produtores.

Os participantes foram divididos em cinco Grupos de Trabalho (GTs): Conhecimentos Tradicionais, Questão Fundiária, Meio Ambiente, Agroextrativismo e Produção e Juventude.


A atual fase do projeto (2015-2016) tem como objetivo organizar as cadeias produtivas consideradas prioritárias e dinamizá-las, implementando o protocolo como orientação nas relações comerciais. O projeto conta com uma rede de parceiros e apoiadores, entre eles o Fundo Vale (principal financiador), Fundação Avina e Ministério do Meio Ambiente. (Fonte: EMBRAPA/Amapá)

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