sábado, 21 de março de 2015

ANÁLISE



Adrimauro Gemaque (adrimaurosg@gmail.com)


Os números desencontrados em eventos de grande repercussão.

           
      Qual é a técnica utilizada para saber o número de pessoas presentes em um determinado ato público? Quem é responsável pela contagem? Existe uma lista de assinaturas?

           O que sempre ocorre depois de algum evento de grande repercussão é a divulgação da quantidade de pessoas que participaram dele. Sejam esses números informados pela polícia, organizadores ou pela imprensa, estes são sempre desencontrados. Invariavelmente não conferem. O que existe é uma tendência de quem organiza o evento (manifestação) de “inflar” o número de pessoas que participaram. Quando o evento é político, o partido que organiza sempre tende a aumentar o número de pessoas, e quem é contra tende a diminuir. Então, como se chegar a um número satisfatório e próximo à realidade?

          Há diversos métodos para se medir uma multidão. O mais conhecido foi criado por um professor universitário de jornalismo, Herbert Jacobs, nos anos 60 – e por isso é conhecido como “método de Jacobs”. A grosso modo é simples: calcula-se a área do local, estima-se o número de pessoas por m², e multiplicam-se os dois números. Para engenheiros e estudiosos, o número de pessoas que cabem em 1 m², em um local com grande concentração de pessoas, é de no máximo 7 pessoas. Isso com as pessoas se espremendo umas nas outras. É mais objetivo levar em consideração um número de 3, 4 e até mesmo 5 pessoas, mas estes números podem ainda variar.

        Evidentemente, que existem técnicas muito mais modernas e eficientes nos dias atuais, como, por exemplo, através da fotografia aérea e do sensoriamento remoto. Essas novas técnicas ainda são pouco utilizadas, pois requerem maiores investimentos. É importante haver responsabilidade com a veracidade das informações que são divulgadas. Números com base no 'achômetro' ou apenas porque determinada equipe de organizadores divulgou gera descrédito junto à população. A população, queiram ou não, acaba fazendo a sua própria avaliação. Os dados que são divulgados pela polícia, não deveriam ser usados pela imprensa, especialmente quando eles não vem acompanhados da metodologia aplicada de como foram obtidos. A polícia os utiliza internamente, para fins de planejamento do número efetivo de policiais e a logística necessária para o próximo evento.

          Foi o que se viu agora no último domingo (15/03). Ocasião das manifestações em todo o país contra o aprofundamento da crise por que passa o governo da presidente Dilma. Muitos números desencontrados foram divulgados, especialmente em São Paulo, onde vimos uma multidão reunida na avenida paulista. O Data Folha e Polícia Militar não conseguiam falar a mesma língua com relação ao número de pessoas presentes. Não se preocupam em aplicar uma técnica, acompanhada de uma metodologia, para medir a quantidade de pessoas que participaram de um evento público. Os números perdem a credibilidade porque nestas ocasiões utilizam frases como: “pelo que se viu” ou “pelo que eu acho”. Aqui no Amapá, também não foi diferente, os organizadores e a Polícia Militar também divergiram sobre os números.

          Portanto, os números dos eventos são uma forma de deixar registrado fatos históricos. A confiabilidade destes dados implica em podermos comparar diversos eventos importantes ao longo dos anos, como é o caso das manifestações que invadiram várias cidades do Brasil no último domingo. O brasileiro foi às ruas pelo descrédito do governo de Dilma que nos colocou em uma crise em que não deveríamos estar. A improbidade se instalou no governo como quem reclina a poltrona e põe os pés sobre a mesa. É um seriado de inúmeros e episódios. O que milhões de brasileiros não tinham percebido, agora, em dois meses, conseguiram compreender. Não há emendas para o governo que aí está!. É questão de falta de decoro. Para isentar-se de qualquer culpa por toda improbidade praticada em sua gestão, seria necessário que a presidente estivesse muito longe daqui, sem nenhum tipo de comunicação. Como fez na campanha eleitoral, onde vendeu um país de ilusão, enganando o povo e praticando um estelionato eleitoral.

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