sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

ABASTECIMENTO DA SEMANA SANTA


Abastecimento da Semana Santa

Preço de pescado pode subir na capital

O amapaense começou a sentir a falta e o preço inflacionado do peixe, mas a PESCAP deve garantir 100 toneladas de pescado com preços acessíveis para o consumidor

Reinaldo Coelho


Com a valorização do dólar, alta do combustível e inflação em patamar alto, a expectativa é que o preço do peixe sofra reajuste de até 15% para o período da Semana Santa em Macapá, quando a demanda cresce, segundo os empreendedores da área, pois eles não podem absorver os últimos aumentos e deverão repassar os custos para os consumidores caso comprem o pescado mais caro.
Depois do Carnaval, muitos amapaenses voltam suas atenções para o início da Quaresma, que é o período de quarenta dias que antecedem a Páscoa, (de 30 de março a 04 de abril) a principal celebração da Igreja Católica. Nesta época, um hábito muito comum dos adeptos é comer peixe, que faz parte da tradição e da vocação cristã. O costume é ligado a uma forma de praticar o jejum e a abstinência, uma típica prática recomendada pelo catolicismo.
No entanto já estão sentindo no bolso o aumento no preço de alguns desses produtos. Para ter uma ideia, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos últimos 12 meses foi de 7,14%, os pescados ficaram, em média, 8,1% mais caro no Brasil. O peixe vermelho, que é um dos mais procurados para consumo nesta época do ano, teve um acréscimo de pouco mais de 50%, segundo consumidores.
Desde a última quarta-feira, o movimento nos mercados de Macapá e Feiras Livres dos bairros têm crescido na procura por este tipo de alimento. Em locais como o Mercado Popular do Perpetuo Socorro, o preço de alguns peixes está variando entre R$ 10 e R$ 30, o quilo. Outro vilão, segundo os consumidores, é a pescada amarela, cujo valor da posta, nos supermercados da capital, pode custar até R$ 44, o quilo.
Essa alta já poderá se concretizar no bolso do consumidor a partir da próxima semana, quando termina o período de defeso no Amapá de algumas espécies. Considerando a pesquisa do Procon-AP na Semana Santa de 2014, os preços adotados atualmente nos boxes do Mercado do Peixe do Perpetuo Socorro são semelhantes ao do feriado religioso do ano passado. Contudo, vale lembrar que estamos no início da Quaresma e que até a "Sexta-feira da Paixão" o valor do alimento geralmente sofre grande oscilação para mais, por causa da grande procura.
A recomendação é que os interessados em consumir peixe na Semana Santa comprem o pescado antes e congelem até o período. A medida pode ser adotada até cinco ou seis dias antes da Semana Santa, quando o preço não deve aumentar, e fazer uma reserva em casa.


Preço do pescado
está nas  alturas
A dona de casa Andreia da Silva foi a Feira de Pescado no Buritizal,  para comprar dourado para o almoço. Embora tenha pagado um preço maior que o de costume, saiu com a sacola mais vazia do local. "Os preços estão altíssimos. Acho que tem aumentado demais faz tempo. Tenho comprado até menos. A gente gosta de peixe, mas nem toda semana dá para levar para casa", lamentou. Ela informa que o dourado comprado foi quase 50% mais caro que o de costume. A dona de casa também observa que  devido o defeso os peixes de segunda classe (tamuatá, jiju, acara) sumiram e eles eram mais acessíveis entre R$ 5 a  R$ 8.



Pescap garante 100 toneladas de peixes durante a Semana Santa
Governo vai garantir pescado na semana santa.
A Agência de Pesca do Estado do Amapá (Pescap) firmou parceria com o Ministério da Pesca, cooperativas, frigoríficos, piscicultores e pescadores regionais para garantir mais de 100 toneladas de pescado durante a Semana Santa.
O diretor-presidente da Pescap, Guarabichaba Ferreira, explica que a tabela de preço ainda não está definida, mas o estudo de análise já está sendo desenvolvido. "A tabela com o valor de cada espécie de pescado ainda está em estudo. A variação de preço do quilo do pescado muda bastante nessa época do ano. Vamos planejar de forma correta para que o amapaense fique satisfeito com o valor", explicou.
Na Semana Santa é tradição, principalmente para a comunidade católica, consumir apenas pescado. "O Governo do Estado vai garantir aos amapaenses muitas toneladas de peixes, com a mesma qualidade e preços acessíveis dos anos anteriores", disse Guarabichaba.


Infraestrutura pesqueira do Amapá é precária
A produção de pescado amapaense não é beneficia os habitantes do estado.
A pesca no Estado do Amapá é considerada de grande expressão econômica. As principais áreas de exploração são: Porto de Santana, Arquipélago do Bailique, Vila do Sucuriju, Ilha de Maracá, Foz do Cassiporé e Costa do Amapá. As espécies, mas exploradas são: piramutaba, pescada, filhote, dourada, gurijuba, pirarucu, tambaqui, pirapitinga, tucunaré, piranha, traíra, açará, aruanã, sarda, jiju, tamuatá, etc. Além das espécies acima citadas, o Estado do Amapá possui sua costa rica em espécie de crustáceo de grande valor de mercado (camarão rosa, camarão da água doce e o caranguejo).
O sistema produtivo predominante na atividade pesqueira era o artesanal, o governo implantou uma política pesqueira em que vários frigoríficos já foram entregues as cooperativas de pesca de alguns municípios e outros estão em construção, além de empresas que já manifestaram interesse em se instalarem no Estado para explorarem a pesca comercial.
Isso é bom para o desenvolvimento da indústria pesqueira, porém o amapaense começou a sentir a falta e o preço inflacionado do peixe, pois o pescado  capturado na costa do Amapá está abastecendo mais de 30 indústrias de beneficiamento no Estado no Pará. Isso foi revelado em 2013 por um levantamento feito pela Agência de Pescado do Estado (Pescap). Toda essa riqueza, aproximadamente 54 mil toneladas, deixou o Amapá sem gerar emprego e muito menos um centavo de tributos nos cofres do Estado durante todos esses anos.

Infraestrutura precária
Todo o problema começa pela falta de infraestrutura pesqueira do Amapá. Faltam entrepostos de beneficiamento e fabricação de gelo nos polos pesqueiros mais produtivos que ficam nos municípios de Oiapoque, Calçoene, Amapá e Laranjal do Jari. Além disso, a diferença entre a frota de embarcações do Pará e do Amapá é absurdamente grande. Enquanto nós temos no máximo 30 embarcações de alto mar, o Pará tem mais de 600 revelou a pesquisa.
O governo do estado construiu em 2013 três fabricas de gelo: Calçoene (que tem capacidade para fabricar 30 toneladas por dia), Laranjal do Jari (14 toneladas) e de  Macapá em Bailique (9 toneladas por dia). Os recursos vieram de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
Com mais infraestrutura, não só os pescadores amapaenses poderão aumentar a produção e beneficiar o peixe, mas também barcos pesqueiros do Pará poderão se interessar em fazer o mesmo processo.

O atravessador
O Município de Santana concentra um grande número de pescado que abastece tanto o mercado local quanto distribui para outras localidades do estado do Amapá. A grande demanda local por pescado tem desenvolvido, nos últimos anos, um mercado específico, principalmente devido às características regionais da população como: perfil de renda e hábitos culturais.
O peixe comercializado no Município provém da pesca artesanal e profissional. Os pescadores preferem a comercialização direta para o intermediário (atravessador). Pois os mesmos aguardam para comprar os peixes nos locais de desembarque. Distribuindo para os ambulantes (feirantes), que comercializam para o consumidor final.

Amapá possui baixo consumo de peixe e
importa grande quantidade de frangos
O Estado tem o maior estoque de rios, lagos, oceanos e estuários de todo o país. Mesmo assim, a população não tem costume de comer peixe devido ao alto preço.
O Amapá tem o maior estoque de rios, lagos, oceanos e estuários de todo o país. Mesmo com toda essa vantagem, o amapaense não tem o costume de comer peixe devido ao alto preço. Outra irregularidade é o fato do amapaense consumir muito mais o frango, que é um produto vindo de outros estados. Instituições federais, estaduais e municipais tentam mudar esse quadro mantendo periodicamente o projeto "Peixe Popular", mas ainda não conseguiu atrair o público aos postos de venda devido à falta de divulgação.
O governo costuma desenvolver o projeto "Peixe Popular" somente na Semana Santa, mediante parceria com instituições voltadas para esse ramo. Foi necessário a população reivindicar a continuação do projeto para que fosse mantido periodicamente.
A veracidade dessa realidade é sentida pelos pescadores dos municípios produtores de pescado. Um deles é o munícipio de Amapá que sem estrutura de porto e um polo de beneficiamento, a abundância não vira riqueza. Se não fosse a presença dos compradores de outros estados, os pescadores e comerciantes de peixes de Amapá já teriam ido à falência. "É muito peixe, a gente não dá conta", justifica um comerciante do município.
Nas ruas que dão acesso à orla do município de Amapá, é comum ver grandes fileiras de filé de peixe secando ao sol, já salgados, num processo que chega a durar dois dias. O peixe seco, desidratado pelo calor e o sal, vira farinha e depois bolinho frito, mas os pedaços inteiros também são fritos e muito apreciados com açaí.
Oficialmente existem 153 barcos na região, mas podem ser muito mais. Mesmo sem um porto estruturado, por dia chegam até 30 barcos abarrotados de peixes na orla da cidade, isso quando eles não vendem a maior parte da produção ainda em alto mar para barcos paraenses.


" O pescado além de escasso vai encarecer"

A reportagem esteve com o jovem peixeiro Adriano da Cruz Cavalcante (29 anos), quer administra uma peixaria no Bairro Renascer I na Zona Norte de Macapá e ele contou como funciona o abastecimento dos pontos de peixes (peixarias) em Macapá.

TA -  Você trabalha ha quanto tempo na venda de peixe?
Adriano - Trabalho aqui no Renascer I há uns 3 anos.

TA - Como tá o abastecimento do pescado em Macapá, e como vai ficar a situação do preço, vai ter aumento?
Adriano - Provavelmente deve baixar um pouco, até porque vai ter a liberação do período de defeso, agora no final de março. Já a Semana Santa inicia no final de março, inicio de abril. Só não vai dá pra baixar mais por conta do aumento do preço do combustível, da energia.  Além das despesas com materiais e pessoal, como os carregadores.

TA -  Quem abastece vocês aqui?       
Adriano - Macapá é abastecido pelos  balanceiros de Santana, são balanceiros antigos da região. Alguns de Santarém também. Os comerciantes de Santana recebem pescado do entorno do municipio, de Santarém, de Monte Alegre, Almerim, Prainha.

TA - Então quer dizer mesmo o amapá tendo uma brande bacia pesqueira ainda depende do Pará?

Adriano - A maioria é do Pará sim, outras partes são do Oiapoque e Calçoene que são feitas através de carretas e são distribuídas para fora do Estado. Da região mesmo são poucos peixes que vem pra gente. Desses que vão para fora são comercializados de forma industrial, filetados e colocados em carretas e vão para o Pará. Mas o que fica aqui pra abastecer o mercado da região mesmo é a minoria, infelizmente.

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