O fim da côrte do imperador
A
força do povo é incontestável, e triste do político que duvidar dela. Esta pode
ser a lição tirada desta eleição onde as massas desde cedo começaram a dizer
que o poder tem pouca força frente à vontade popular. Tal força foi reconhecida
momentos após o resultado das urnas para consolidar a máxima de que não se
governa sem o povo. Quem se arvora a fazê-lo, terá a resposta mais cedo ou mais
tarde.
No
caso da atual gestão, os erros começaram cedo. Quando se tapa os olhos e os ouvidos
para os anseios daqueles que colocaram um representante da vontade popular no
“trono” se está fadado ao fracasso. A força é tamanha que nem a mais forte
máquina administrativa pode reverter seu caminhar. Esta é outra lição.
Este
jornal “profetizou” (assim entre aspas para evitar qualquer analogia religiosa)
tal queda quando viu que tipo de gestão estava sendo implantada no Amapá.
Quando um dos primeiros passos foi criar uma polícia política ávida a perseguir
oponentes políticos e quando jornalistas que destoavam do pensamento da
situação passaram a ser processados.
Vimos
nesta gestão, tons explícitos de uma ditadura. Coisa abominada por qualquer
jornalista, uma vez que dentro de cada profissional de comunicação existe o
sentido de não calar frente a covardias. Tivemos o Estado contra nós. Um imenso
gigante de inúmeras cabeças soltando fogo pelas ventas e que parecia
invencível.
No
passar de cada semana, contávamos os dias fazendo o que o jornalismo deve
fazer: denunciar. E foi assim durante todo esse tempo de batalha. Vencemos a
guerra contra o imenso “dragão” usando canetas e ideias. Enquanto a munição do
lado de lá era terrível e temível. Nós éramos “alimentados” pelo povo. A fome
do jornalista é por notícias. Ele as devora quando as escreve e elas eram
servidas a prato pleno por quem procurava a máquina pública e a encontrava
emperrada.
Por
quem passava horas e até dias em filas de consulta ou exame médico para no fim
receber a informação de que nada seria feito. Tudo isso nos era trazido de uma
forma absurdamente indignada. A mãe que teve a filha violentada, o filho
assaltado, a casa invadida e não conseguiu registrar ocorrência por falta de
papel ou por ter encontrado dois Ciospes fechados.
Por
quem aguardou meses a fio o momento de uma cirurgia ortopédica e teve que
sentar no asfalto quente em sinal de protesto para ser notado e mesmo assim não
foi. E ainda por aqueles que perderam seus entes queridos para o câncer e não
encontraram morfina de R$0,25 no estoque das farmácias públicas. Houve ainda os
que recorreram à Justiça para tentar salvar uma vida já debilitada e ganharam a
causa. Mesmo assim viram o Estado recorrer e preferir ser multado ou ter seu
secretário de saúde preso.
Chegou
a hora do basta. Um grito preso na garganta de milhares e que foi solto no
domingo, 26 de outubro. Uma vitória conseguida com três toques em uma urna
eletrônica, que foi a arma do povo, capaz de dar novos rumos a um Estado
inteiro, capaz de alterar o rumo da história e nos dar a oportunidade de
escrever sobre algo melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário