sexta-feira, 10 de maio de 2013




"O Amapá quando território foi muito feliz com os gestores da educação daquela época, pois eram pessoas capacitadas e competentes voltas para a área. A qualidade da educação amapaense foi durante muito tempo uma das melhores do Brasil. Os nossos alunos que conseguiam sair daqui, eram bem sucedidos, eu fui um deles. Lá fora eram reconhecidos como os mais capazes, ocupando sempre os primeiros lugares em qualquer concurso que participavam"
Maria Alves de Sá







Reinaldo Coelho
Reportagem


Lutas e empreendimentos 
sempre lhe acompanha
ram, naquilo que se propôs realizar. Hoje mulher madura que, muitas vezes, se fez de forte, é resultado dos embates que teve  que enfrentar ao longo da vida. Foram grandes as relevâncias que realizou em um objetivo determinante na sua vida: A Educação. Essa pessoa é a nossa pioneira da semana, professora Maria Alves de Sá. É difícil reduzir sete décadas em cinco mil caracteres, porém vamos tentar, pedimos desculpa aos amapaenses por não terem tido a sorte de a conhecerem desde sua juventude, como eu tive.



De ontem só quero pensar no que foi bom, no que posso festejar, que põe o meu pensamento em descanso, que faz sorrir por dentro de alegria e brincar. Seria essa um resumo de uma mulher nascida afuaense e macapaense de criação e amor. "Nasci em Tartaruga pertencente ao município de Afuá, porém aos dois meses de idade voltei e  estou no Amapá há 75 anos".
Teve uma infância tranquila, e nas suas palavras, não conheceram o luxo nem a miséria. "Vivíamos como pobre, porém tranquilos. Antônio Dias de Sá e Virginia Dias de Sá, seus genitores eram prestadores de serviços. "Ao chegarmos a Macapá, passamos a residir na antiga Rua da Praia, hoje Orla de Macapá. Um lugar considerado ribeirinho, onde existiam muitas mangueiras. A minha diversão era subir nela e colher mangas, minha infância foi maravilhosa. Ali era uma grande família, tomávamos banho na praia".

Antiga Rua da Praia hoje Orla de Macapá
Porém a família teve de retornar em 1942, ao outro lado do Rio Amazonas, para as Ilhas Furos dos Porcos, pois estava em alta a colheita do látex das seringueiras. Porém, sua genitora que costurava para fora, percebeu a necessidade de dar estudos aos filhos e como já tinham residência em Macapá herança materna, retornaram. Em 1942 começou a estudar em um dos primeiros Grupos Escolares de Macapá, na casa de Dona Sofia Mendes. "Depois da criação do Território Federal do Amapá, em 1945 e o Governador Janary Nunes construiu o Grupo Escolar Barão do Rio Branco, tive a honra de ser da primeira turma que ali estudou e se formou".

Juventude
Professora Maria Sá, relembrando sua juventude firma que sempre teve um objetivo na sua vida, hoje alguma pessoas lhe perguntam por que não casou. "Não casei, porque eu acho que não é a única opção para a mulher. Eu queria trabalhar queria vencer na minha profissão, e se depois viesse o casamento, que dentro dele eu tivesse minha independência econômica e depois eu me afeiçoei tanto ao meu trabalho, porque, desculpa a falta de modéstia, minha tendência a Educação foi mais do que uma profissão é uma vocação. Pautei-me nisso e estou muito feliz assim".
Com o falecimento do seu genitor aos 14 anos Maria Sá teve que continuar seus estudos e trabalhar, ela exerceu as funções de atendente no Hospital Geral de Macapá. "Nessa época estava no ginasial, completei meus estudos sempre trabalhando".

Depois de concluir o Cientifico, Maria Sá, foi prestar vestibular na Universidade Federal do Pará (UFPA) em Belém (PA) e aos 19 anos ingressou na Faculdade de Filosofia, e fez o Bacharelado em Ciências Sociais e depois a Licenciatura Plena em Pedagogia que preparava para o Magistério. "O meu retorno após a formatura foi meio difícil, pois cheguei ao inicio de 1964 e logo em seguida explodiu a revolução militar e o Amapá estava recebendo o primeiro governador militar General Luiz Mendes da Silva. Mais, apesar disso eu tinha conhecidos na nova administração, e fui nomeada. Minha primeira escola foi o então Instituto de Educação do Amapá (IETA), onde eram formados os professores amapaenses, das escolas publicas foi à única onde lecionei às áreas de Ciências Sociais e Pedagogia".

Antigo IETA, hoje UEAP


Um dos alunos da mestra Maria Sá, que ela destaca um grande nome da educação amapaense, Leonil de Aquino Pena Amanajás, hoje magnifico reitor do CEAP. Relembrando outros nomes ela conta que suas diretoras foram grandes mestras como a Professora Wanda Jucá, Raimunda Aciné Garcia Lopes de Souza, Blandina, Anni Viana da Costa, que também foi Secretaria de Educação, representante do MEC no Amapá. Mesmo atuando numa época de turbilhões sociais e lecionando matérias que mexiam com esse segmento, ela declara que sempre trilhou o caminho da moderação e na expressão de suas ideais. "Eu não era omissa, mas sempre procurava não me exceder, tanto que não tive nenhum problema com todos 
os governadores militares até o governador Annibal Barcellos".


Trajetória profissional
O currículo de nossa pioneira é vasto e riquíssimo, ela começou exercendo o magistério no IETA. "Nessa época foi criado  aqui em Macapá uma extensão da UFPA, já preparando professores para reforma do ensino que mudou através da Lei Federal 5692/76 que mudava a estrutura. A pessoa que era responsável pela implantação desse programa, Antônio Gomes Moreira Junior tinha sido meu professor e sabia que morava aqui, sugeriu meu nome para coordenar a formação dos professores a nível de 1º e 2º Graus, fiquei 20 anos no campus, até quando foi criada a nossa universidade, a UNIFAP, onde assumi a reitoria pro tempore por dois anos".

Depois que saiu da UNIFAP, a professora Maria Sá foi convidada a atuar no Centro de Ensino Superior do Amapá (CEAP) como Assistente Técnica durante cinco anos; em seguida foi atuar no Tribunal de Consta do Estado com Chefe de Gabinete da Presidência, na época Conselheira Margareth Salomão de Santana, durante sete anos; atuou nas Faculdades SEAMA como Coordenadora Acadêmica; coordenadora Pedagógica e terminou como Ouvidora Geral da faculdade. Além desses cargos foi membro e presidente do Conselho Territorial de Educação e do Conselho de Cultura do Estado, até 2011. "Aposentei-me com 30 anos (1992), porém continuei atuar nas escolas privadas (CEAP, SEAMA). Hoje estou somente me dedicando a leituras".

"Eu vejo a educação do Amapá quando território, ele foi muito feliz com os gestores da educação daquela época, pois eram pessoas capacitadas e competentes voltas para a área. A qualidade da educação amapaense foi durante muito tempo uma das melhores do Brasil. Os nossos alunos que conseguiam sair eram bem sucedidos, eu fui uma deles. Lá fora eram reconhecidos como os mais capazes, ocupando sempre os primeiros lugares".

Continuando Maria Sá ressalta a chegada de muitos migrantes, que trazem na bagagem outras culturas. "O Amapá cresceu, foi evoluindo e a educação foi ampliada, e qualquer coisa que se massifica, vai perdendo a qualidade. Hoje, eu vejo com muita preocupação, não culpo ninguém, é o contexto histórico, politico , demográfico e  geográfico do Estado que contribuem que tenhamos uma escola de resultados excelentes.  Não é fácil construir escola nas necessidades que vão surgir. Eu tenho que dizer isso: Durante bastante tempo, ser diretor de escola era alguém revelado sua competência, era um prêmio, era meritocracia. Depois que mudou o contexto politico, os partidos passaram a dominar  e a fatiarem a administração, ai a coisa ficou mais complicada e a educação vem decaindo".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...