sexta-feira, 24 de maio de 2013

Antônio Manuel Nina da Costa
 Lateral Direito Toninho Costa














Reinaldo Coelho
Da Reportagem



No Brasil, o futebol se firmou como um esporte de massa. Os times se formavam a partir de grupos de trabalhadores ou de estudantes que se reuniam para "jogar bola" no campinho do seu bairro. Aqui no Amapá, quando predominavam as praças que se transformavam em campos de "peladas" nos fins da tarde, logo após o encerramento do dia escolar surgiram os grandes nomes do esporte amapaense e ali começaram a se formar muitos clubes.


Exemplos desses peladeiros têm hoje aposentado o professor e ex craque do futebol de campo, Antônio Manuel Nina da Costa, lateral direito da Sociedade Esportiva e Recreativa São José, por 12 anos. Ele relembra que era peladeiro de rua, seu campo era na Praça em frente ao Colégio Amapaense, hoje Praça da Bandeira.



Foi escolhido pelo finado chefe Humberto Santos que tinha assumido a presidência da Sociedade Esportiva e Recreativa São José, que estava fazendo uma peneira nas praças de Macapá, para escolher a gurizada que se destacavam nas peladas e os levaram para compor as equipes de base do clube do Laguinho. "Ele andava de praça em praça vendo aqueles garotos que podiam ir mais além e eles foram pinçando, para formar um timaço, tanto que fomos bicampeões juvenis e tri do time principal".  
Perguntado se lembrava dos jogadores que formaram com ele o "timaço" do São José selecionado pelo Chefe Humberto ele enumerou: Toninho Costa, Zé Roberto, Orlando Cardoso e Orlando Torres, Alceu e Penafort, Canhotinho. No centro era Leo, Jorge Tavares, Haroldo Pinto (em fim de carreira), na linha era Moacyr Banha, Delmir, Biracy Severo (o diabo louro) e Timbó. "Participei de todas as Seleções Amapaense que foram jogar fora do Território. Joguei em São Paulo, Minas Gerais e pelo baixo Amazonas. Naquela época pela minha idade (17 anos) eu podia jogar na equipe titular e no juvenil, fui também tricampeão adulto pelo São José".
No final de carreira, Toninho Costa jogou algumas partidas pelo Esporte Clube Macapá, pois estava em Belém, fazendo Faculdade de Educação Física e quando voltava jogava em jogos decisivos. Foi convidado pelo Clube do Remo e Paysandu para defender a camisa dos clubes, isso se deu pela atuação que teve em jogos contra esses clubes paraenses em Macapá, que perderam para o São José.  "Não aceitei as propostas dos clubes paraenses, pelo conselho da minha mãe, eu sempre quis ser jogador de futebol, porém ela não aceitava, e me dizia: Meu filho, você vai para faculdade, sua passagem está comprada, futebol logo acaba e você vai viver de que? É o caso de alguns amigos da época que hoje estão por baixo".

Outra realidade

Toninho Costa desabafava que hoje aquele celeiro de craques que você tinha em mãos para lapidar, não tem mais, as antigas praças de peladas não existem mais, estão urbanizadas e os Clubes pegam atletas de fora já formados, não investem nos atletas para criarem uma categoria de base. É da base que vem tudo. Foi assim que o Chefe Humberto montou o timaço do São José e não perdemos para ninguém. Depois que essa turma saiu de Macapá, que eu me lembre foram nove de uma só vez, a equipe acabou.
Hoje vemos que os antigos clubes, só restam buracos da suas lembranças e dos jogadores que por ali passaram. Perderam suas sedes o Independente, Trem Desportivo Clube. O Macapá e o Amapá Clube tem só um buraco, onde era erguida a sede e os outros continuam a não ter, são clubes de classificador, vivem debaixo do sovaco do presidente.

Meu legado
Sou professor de Educação Física, incentivado pelo futebol. "Quando conclui meu curso superior eu vim direto para atuar na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) onde permaneci 30 anos, de professor a presidente da Associação".
"O esporte me levou a qualificar a garotada da APAE, a participar das Olimpíadas dos Excepcionais, foram oito que disputei inclusive o pessoal do Sul zoavam "lá vem o Amapá levar as medalhas", porque lá eles têm a metade do ano para treinar e ao contrário, tinha o ano todo. Trouxe muitas medalhas da natação".
"Vejo-me como uma docente que vivenciou, principalmente no início da carreira, as contradições e os conflitos presente entre o discurso e a prática no processo de inclusão de alunos com deficiência nas aulas de educação física. Foi uma experiência riquíssima, e mais importante da minha vida, pois às vezes você tem que deixar um legado, e hoje eu sou reconhecido pelo serviço que executei na APAE/Macapá".

Continuando Toninho Costa explica que quando lá chegou, a sede da APAE era uma estrutura de pau a pique, quase caindo. "E deixei um prédio de dois andares, climatizado, com transporte próprio e equipamentos próprios para atender as crianças, assim com uma equipe multi funcional. Para o esporte tem a piscina e a quadra desportiva. Eu tinha colegas que atuavam com excepcionais, e quando eu dizia pra esses guris podem nadar, eles rebatiam 'como, excepcional não pode nadar'. Ensinar um excepcional nadar é uma adaptação. Para uma criança normal, você chega e diz: 'Senta aqui e bate a perna', para eles não, pois eles não vão saber o que é borda ou bater perna, você tem que fazer manualmente. Isso foi um aprendizado mútuo".

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