segunda-feira, 28 de maio de 2012

Livro "A Noite dos Cristais" é lançado na Fortaleza São José de Macapá


Como diríamos na gíria popular “Unir o útil ao agradável”, pois foi o que aconteceu na última sexta-feira (18) no Paço Central da Fortaleza de São José de Macapá e os festejos da 10ª Semana dos Museus. Uma noite com um luar amazônico e como cenário um histórico monumento construído pelas mãos dos negros africanos e vigia a entrada deste rincão Tucuju foi onde o escritor Luis "Fulano de Tal" lançou seu livro “Noite dos Cristais”.

A obra, impressa pela primeira vez em 1999, que conquistou diversas premiações, foi lançada somente agora no Amapá, dentro da programação da 10ª Semana de Museus da Fortaleza.


A plateia sedenta pelo conhecimento e querendo serem os primeiros a saborear mais um compêndio literário era formado por acadêmicos, outros escritores, músicos, cantores, gente da poesia e apreciadores da boa leitura.

Uma delas foi a Lidiane dos Santos é acadêmica de letras e se declarou amante da literatura. "Busco lugares que me deem acesso à leitura e não podia perder está oportunidade, de conhecer e adquirir um trabalho de tamanha significância para o povo negro".

A gerente do Museu Fortaleza São José de Macapá, Ana Célia, juntamente com a sua equipe, foi quem articulou esse momento. "Quero agradecer ao professor e escritor Luis Carlos por ter aceitado nosso convite, que só abrilhanta nossa Semana de Museus".

Um pouco sobre o autor    
Foto: Rita Torrinha 
Luis Fulano de Tal é pseudônimo de Luis Carlos de Santana, um pernambucano negro, que teve toda sua educação e formação em São Paulo e que há 10 meses escolheu o Amapá para viver e trabalhar. "A Noite dos Cristais" é um romance de ficção ambientado nos anos 1835, na Bahia, conta a história da Revolta dos Malês, escravos mulçumanos, pelo ponto de vista de uma criança negra.

O hábito da leitura, Luis Carlos deve à sua mãe. "Uma mulher analfabeta, hoje aos 83 anos de idade, que soube repassar aos filhos o valor das letras. Lembro como se fosse hoje, ela nos colocando, eu e meus irmãos, sentados no chão da sala e pedindo para lermos para ela. A gente dizia, mas a senhora não sabe ler mamãe, e ela retrucava - não sei ler, mas sei ouvir, leia para mim moço que isso vai ser de grande valia na vida adulta de vocês", contou o escritor.

O pseudônimo foi escolhido propositalmente. O escritor explica que se trata de um protesto contra o tratamento dado ao negro no Brasil: um qualquer sem nome. "Muitas pessoas defendem que o preconceito acabou no Brasil, eu defendo que ele apenas está mais velado, mas continua presente em muita gente".

Ainda sobre o livro "A Noite de Cristais", recortes da obra farão parte da coleção "Literatura e Afrodescendência: antologia crítica", do professor Eduardo de Assis Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A coleção é fruto de pesquisa realizada em todas as regiões do país com vistas ao mapeamento e estudo da literatura produzida pelos afrodescendentes desde o período colonial. Esta antologia crítica envolveu 61 pesquisadores, vinculados a 21 instituições de ensino superior do Brasil e seis estrangeiras. O resultado apresenta a faceta afro da literatura brasileira, num total de 100 escritores oriundos de tempos e espaços diversos, apresentados a partir de ensaios críticos, contendo dados biográficos, estudo de obra, relação de publicações e de fontes de consulta. A obra mais recente do autor é Juqueri, baseada em sua tese de mestrado apresentada na USP. O livro foi lançado em 2010 e conta a história de pacientes da clínica psiquiátrica paulistana, de mesmo nome, por meio dos prontuários médicos. 

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